Maysa Vilela
Uma situação bizarra aconteceu na última terça-feira (8) e causou revolta nas redes sociais. Uma estudante de medicina, do do 9º período no Centro Universitário Cesmac de Maceió (AL), ironizou a morte de uma paciente.
Acontece que a mulher chegou para ser atendida durante a madrugada, atrapalhando o sono da futura médica.
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No meio da madrugada, a jovem postou uma foto utilizando a função “Melhores Amigos” do Instagram em que aparece o nome da paciente e os procedimentos realizados. Ela ainda escreveu um texto reclamando.
“Faltando 10 min para minha hora de dormir, chega mulher enfartando e com edema agudo de pulmão, e agora já passou 1:30 da minha hora de dormir, tô puta“. Depois de um tempo, a estudante ainda voltou para a rede social.
“Atualizações: A mulher morreu e eu não dormi“, publicou ela, abusando da ironia ao fazer um sinal de positivo com a mão.
A jovem, que não teve a identidade revelada, estava fazendo plantão na Unidade Mista Dr. José Carlos de Gusmão, no município de Marechal Deodoro, onde faz estágio.
Confira capturas de tela das publicações polêmicas da estudante de medicina:
Estudante de medicina é suspensa
Apesar de ter feito a publicação apenas para um grupo seleto de pessoas que ela, provavelmente, considera como amigos, as postagens foram tão absurdas que vazaram e se espalharam pela internet.
Internautas ficaram chocados com tamanha frieza e falta de sensibilidade da futura médica em expor a paciente e falar dela (e depois de sua morte!) como se não fosse nada.
“Que absurdo! Não está na profissão certa“, disse uma internauta inconformada com a história. “Não é possível que seja verdade. Lamentável uma postura dessas“, comentou mais uma.
“Que seja expulsa e nunca tire o CRM“, desejou uma mulher. “É o famoso ‘Medicina por Amor’“, apontou outro internauta, ironizando a motivação de muitos estudantes de medicina em se formarem pela boa remuneração e não pensarem nos pacientes.
Diante da repercussão da história nas redes sociais, a Secretaria Municipal de Saúde de Marechal Deodoro informou que tomou conhecimento do caso através do médico-chefe da unidade e já solicitou o desligamento da acadêmica do quadro de estagiários do município, que tem convênio com a faculdade particular.
André Falcão, coordenador do curso de medicina do Cesmac, informou ao portal ‘G1’ em entrevista que ficou sabendo da história através de grupos de WhatsApp.
Ele disse ainda que a aluna foi afastada do estágio até que o fato seja averiguado e as medidas cabíveis sejam tomadas.
Ainda segundo o ‘G1’, o Colegiado da faculdade se reuniu nesta quarta-feira (9) para discutir o assunto. Eles ainda ouvirão os esclarecimentos da jovem, que acabou sendo suspensa.
A instituição abriu um processo administrativo interno para apurar a conduta da estudante. Ela ficará suspensa até que as apurações sejam concluídas.
Leia a Nota da Prefeitura de Marechal Deodoro sobre o caso, na íntegra:
“A Secretaria Municipal de Saúde de Marechal Deodoro tomou conhecimento do caso através de informação prestada pelo médico-chefe da Unidade Mista Dr. José Carlos de Gusmão, e, imediatamente, solicitou o desligamento da acadêmica do quadro de estagiários do Município.
A referida estagiária é oriunda de um convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de Marechal Deodoro e a unidade de ensino Cesmac (Centro de Estudos Superiores de Maceió). A Secretaria lamenta o ocorrido e reafirma seu compromisso focado na humanização e respeito ao cidadão em todas as nossas unidades de saúde”.
“Vai matar muito paciente desse jeito”, diz irmã da vítima
A paciente que chegou à Unidade de Saúde com edema agudo de pulmão era Lenilda Leite, moradora da zona rural de Marechal Deodoro.
A irmã dela falou em entrevista que ela passou mal durante a madrugada e precisou ir às pressas até a Unidade de Saúde para receber atendimento.
Infelizmente, Lenilda Leite não resistiu. A irmã comentou sobre a tristeza da família com a morte dela e também com a exposição que a estudante de medicina causou.
“A família está em choque, a filha dela já está vindo de São Paulo, e o filho mora aqui (em Marechal Deodoro). Eles já estão movendo ação com advogado“, afirmou Vilma Leite, irmã de Lenilda em entrevista à TV Pajuçara.
“Ela não sabia que era o plantão dela? Ela não sabia que iria trabalhar à noite? Qual é o dever dela? É atender a pessoa direito. Se ela, como estudante de Medicina, está fazendo isso, imagina quando for uma médica? Ela vai matar muito paciente desse jeito. Porque queira ou não a culpa também é dela”, disse a irmã da mulher que faleceu.
“Se fosse a mãe dela, a irmã, uma tia, e sobrinha, algum parente, algum amiguinho dela, eu garanto que ela não tinha feito isso. Ela teria corrido logo para atender e chamar médico ou quem fosse que estivesse lá dentro para socorrer. É revoltante uma coisa dessa“, desabafou Vilma.
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