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Um dos únicos policiais transexuais da história, Popó Vaz é encontrado morto

Além de atuar na corporação, Popó era popular nas redes sociais e tinha milhares de seguidores

Fotos: Reprodução/Instagram

O policial e influenciador digital transexual Paulo Vaz – mais conhecido como Popó Vaz – foi encontrado morto aos 36 anos de idade, nesta segunda-feira (14), em sua própria casa em São Paulo.

Militante da causa LGBTQIA+, Popó era um dos poucos policiais trans do Brasil e sempre se posicionava contra a homofobia e a transfobia.

A morte do investigador de polícia foi confirmada pela Mosaico, empresa que cuidava de sua carreira como influenciador, causando comoção nas redes sociais.

“A Mosaico está em LUTO pela partida do nosso herói PAULO VAZ, nosso querido agenciado e amigo Popó Vaz Um homem trans gay na Polícia Civil de SP, um militante e herói LGBTQIA+ que compartilhou sua história, inspirou e encorajou tantas pessoas. Você será pra sempre lembrado!”, diz a postagem.

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A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou à imprensa que o caso foi registrado como morte suspeita pelo 77º DP.

As autoridades estão investigando e uma perícia no local foi solicitada. De acordo com o órgão, ainda serão feitos exames no corpo de Paulo para constatar a causa da morte.

Muito tem se falado nas redes sociais sobre a possibilidade de Paulo Vaz ter tirado a própria vida. Horas antes dele ser encontrado morto em casa, o policial publicou algumas Stories em seu perfil no Instagram em que parecia muito nervoso. 

“Não façam o plantão nunca”, escreveu Paulo Vaz.Virar a noite vai f*der com sua saúde mental“, disse ele há 23 horas. Veja:

Story Paulo Vaz
Foto: Reprodução/Instagram

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) publicou uma nota lamentando profundamente a perda dizendo que Popó Vaz não suportou continuar em uma sociedade tão violenta e desumana“.

“Com muita tristeza recebemos a notícia que o Paulo Vaz nos deixou. Paulo era querido e amado por todas a sua volta. Ativista engajado e dedicado a luta trans, sempre fez questão de construir pontes, atuar no enfrentamento da transfobia e em defesa das pessoas transmasculinas. Homem trans gay, policial civil, sempre abordava questões sobre sexualidade e gênero de forma leve e descontraída”, diz a nota.

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“Era uma alma doce e um coração lindo demais. Foi protagonista de uma de nossas campanhas pelo dia da visibilidade trans, além de fazer diversas publicidades e participações em mídias e televisão sobre a visibilidade transmasculina. Paulo não estará mais entre nós ou em nossos Stories falando com aquele sotaque mineiro tão marcante”, continua.

Não é hora de especular sobre a morte do Paulo. Respeitem a dor de quem perdeu um amigo, marido, filho e irmão. É hora de silenciar e refletir. Precisamos pensar em formas de construir um mundo onde as pessoas queiram viver“, finaliza a Associação que trabalha para que a população trans do Brasil seja respeitada.

Veja:

Com 206 mil seguidores no Instagram, Popó Vaz era muito ativo nas redes sociais.

Confira uma publicação dele no Instagram apoiando o policial militar Leandro Prior, que foi alvo de ataques homofóbicos por aparecer em um vídeo fardado beijando outro homem na boca no Metrô de São Paulo em 2018:

Policial Popó Vaz
Foto: Reprodução/Instagram

Famosos lamentam a morte de Popó Vaz

A vereadora transvestigênere Érika Hilton também lamentou a morte de Popó.

“Acabo de receber a notícia do falecimento do Paulo Vaz e estou devastada. Ele era muito querido e é uma tristeza que tenha nos deixado. Desejo muita força e solidariedade pra toda a família e a todes nesse momento“, escreveu ela, pedindo para que as pessoas não especulem sobre as causas da morte do policial agora.

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Daniela Mercury falou nas redes sobre a notícia da morte do policial:

Estou despedaçada e indignada com a morte de nosso querido Popó Vaz. Nosso tão amado jovem trans, ativista, corajoso, que fez esse mundo ser mais compreensivo e amoroso com os trans. Mando muito amor para Pedro HMC e toda a família de Paulo”.

O jornalista Fernando Oliveira, conhecido como Fefito, era amigo de Paulo Vaz e se despediu publicando várias fotos deles juntos.

“Falei muito que te amava. Queria ter falado mais. Porque todo amor do mundo era pouco pra você. Porque você importava DEMAIS. Popó será sempre uma história muito feliz a ser contada. A história de alguém que superou as maiores adversidades, as maiores barreiras, cheio de amor no coração. Popó é pra sempre”, escreveu.

Paulo Vaz vivia um relacionamento desde 2018 com Pedro HMC, conhecido como um dos fundadores do canal ‘Põe na Roda’. Juntos, eles militavam pelos direitos da população LGBTQIA+ e lutavam contra a homofobia e a transfobia.

Pedro HMC não se pronunciou sobre a morte do namorado.

Veja fotos do casal:

Popó Vaz e namorado Pedro HMC
Fotos: Reprodução/Instagram

Paulo Vaz nasceu em Belo Horizonte e trabalhava como investigador da Policial Civil na região da Grande São Paulo desde abril de 2018. Em entrevista ao ‘G1’ ele falou sobre a importância de inspirar que mais homens trans entrassem na carreira policial.

“Eu achava que encontraria muitas barreiras, mas fiquei bastante feliz e surpreso com a recepção dos meus colegas desde o começo. Eu já sabia que há diferença entre as instituições de Polícia Militar e Polícia Civil, mas eu fiquei bastante surpreso”, declarou Paulo na época.

O policial contou também sobre seu processo de mudanças no corpo, já que ele não se identificava com o corpo de mulher em que nasceu.

“Comecei com o processo de hormonização, que é tomar testosterona. Tem algumas formas de tomar testosterona, tem a forma em gel, pomada, oral e injetada. O corpo precisa de um pico de testosterona para se masculinizar. Optei pela forma injetada porque faz diferença mais rápido. Começam a aparecer as características de barba, muda a voz. E também fiz a cirurgia de retirada das mamas”, contou ele.

Em setembro de 2019 Paulo Vaz fez uma postagem sobre o Setembro Amarelo – Mês de Prevenção ao Suicídio. Na ocasião, ele disse:

“Você sabia que 9 em cada 10 mortes por suicídio podem ser evitadas? A PREVENÇÃO é fundamental para reverter essa situação.

“E uma das maneiras efetivas de prevenção é a EDUCAÇÃO: é preciso perder o medo de se falar sobre o assunto. O caminho é quebrar tabus e compartilhar informações. Esclarecer, conscientizar, estimular o diálogo e abrir espaço para campanhas contribuem para tirar o assunto da invisibilidade e, assim, mudar essa realidade, escreveu Paulo Vaz na legenda.

Confira:

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