Uma mulher de 54 anos foi presa em flagrante por injúria racial no último domingo (5), após atacar uma família no metrô de Belo Horizonte, Minas Gerais.
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A autônoma Leni Rodrigues, o marido Alexandre Elias Rodrigues e a filha, a manicure Isabelle Cristine Rodrigues, estavam no metrô voltando de um passeio em família. Até que, do nada, começaram a ser atacados com falas racistas por Adriana Maria Lima de Brito.
Segundo testemunhas presentes no vagão, Adriana simplesmente começou a agredi-los com xingamentos, como: “negros fedidos“, “crioulos fedorentos“, “raça impura”, “Vocês não poderiam estar no mesmo ambiente que nós”, “Vocês deveriam ter descido do metrô, pretos fedorentos”.
A mulher foi gravada enquanto agredia Leni, Alexandre e Isabelle Rodrigues. “Eu não sou da sua raça, eu não sou da sua raça”, disse ela também, segundo pessoas presentes na ocasião. A atitude de Adriana Maria Lima de Brito causou revolta no vagão do metrô.
Algumas pessoas começaram a filmá-la enquanto deferia xingamentos contra a família. E mesmo diante das câmeras, Adriana não recuou e continuou dizendo: “Eu sou racista, eu sou racista”, enquanto fazia uma espécie de dancinha na frente de todos.
Diante do ocorrido, assim que o vagão parou na próxima estação, seguranças do metrô entraram e pediram para Adriana sair. A polícia já havia sido chamada e a prendeu em flagrante pelo crime de injúria racial.
As vítimas – Leni, Alexandre e Isabelle – foram direto para uma delegacia registrar o boletim de ocorrência contra Adriana Maria Lima de Brito. Testemunhas também prestaram depoimento.
Confira a nota emitida pela Polícia Civil sobre o caso, na íntegra:
“Em relação ao fato ocorrido ontem (5/6), dentro de um vagão do metrô, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) ratificou a prisão em flagrante da mulher, de 54 anos, que foi autuada pelo crime de injúria racial e, após os trabalhos de polícia judiciária, foi encaminhada ao sistema prisional, onde segue à disposição da justiça”.
O delegado responsável, Rafael Alexandre de Faria, disse à TV Globo que a tipificação do crime ainda pode sofrer alteração.
“Se os elementos indicarem que não era injúria racial, mas, sim, racismo, essa capitulação vai ser modificada ao final da investigação. Ela negou os fatos, ela disse que não ofendeu, disse que ela que foi ofendida pelas pessoas. Entretanto, nós temos imagens, depoimentos de testemunhas que serão tomados e outras informações que serão coletadas no âmbito da investigação”, afirmou Rafael Alexandre de Faria.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça, “Enquanto a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível“.
Para o presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB/MG, o advogado Marcelo Colen, trata-se de racismo – crime que tem uma pena maior pela lei brasileira.
“A intenção dela ali era ofender todas as pessoas negras, e não apenas as pessoas que estavam naquele vagão. Ele também ocorre quando essa discriminação é direcionada a uma raça específica”, disse o advogado.
Confira um trecho da confusão no metrô de BH:
A família que foi vítima dos xingamentos diz que deseja ver a justiça sendo feita.
“Ela falou que não sabia o que ‘esses crioulos’ estavam fazendo dentro do vagão. Disse que crioulo tem que morrer. Era um dia feliz. Estava todo mundo feliz, todo mundo rindo. Aí a gente se depara com uma pessoa dessa? É muito triste!“, disse Isabelle em entrevista à TV Globo.
A jovem afirmou, ainda, que se sentiu mal por ver os pais passando por esse violência. “Me sinto mal, porque eu falei com ela assim: ‘Nossa, em pleno século 21, nós estamos em 2022, e você está com essa mentalidade’. Pela minha mãe e pelo meu pai, vai ter justiça, aqui nós não vamos ser mais um“, afirmou Isabelle.
Leni também se pronunciou em entrevista após o ocorrido. “Ainda ter essas coisas, as pessoas fazendo isso com a gente. Nós somos seres humanos iguais a todos, iguais a ela que, por ser uma pessoa branca, é igual a mim. As palavras que ela falou estão na minha cabeça e não vão sair, porque ela ofendeu no fundo da nossa alma. Não vou aceitar isso, nós vamos até o final”, declarou Leni, chorando, à TV Globo.
A companhia que administra o metrô de Belo Horizonte se pronunciou lamentando o caso. “A Companhia declara que repudia qualquer ato de injúria racial e lamenta o ocorrido”.
Segundo informações do ‘G1’, a Secretaria de Estado de Justiça confirmou que Adriana Maria Lima de Brito deu entrada no Presídio de Vespasiano na tarde de segunda-feira (6).
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