Você se lembra do caso Lucas Terra? Após 22 anos de angústia e busca por justiça, finalmente chegou o dia em que a mãe do adolescente, Marion Terra, pôde respirar aliviada, apesar da dor que nunca sairá de seu coração.
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Os pastores evangélicos Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva foram a júri popular – que decidiu por condená-los pelo terrível crime que acabou com a vida do adolescente.
Ambos foram sentenciados a 21 anos de prisão em regime fechado, segundo decisão da juíza Andréia Sarmento, proferida às 21h30 da última quinta-feira (27).
No dia 21 de março de 2001, Terra foi para um culto da Igreja Universal do Reino de Deus e nunca mais voltou para casa. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado carbonizado em um terreno baldio.
As investigações da Polícia Civil confirmaram que ele foi espancado e queimado vivo. Além disso, Lucas foi amordaçado e teve as mãos amarradas com um pedaço da cortina usada nos templos da igreja.
O resultado dos exames de DNA que comprovaram a identidade de Lucas só foi divulgado 43 dias depois. Durante esse tempo, amigos e familiares procuraram por ele pelas ruas de Salvador (BA).
Sete meses após o assassinato, o pastor Silvio Galiza foi apontado pela polícia como o autor do crime e, em 2004, foi preso.
Apenas 2 anos depois, em 2006, Galiza denunciou os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva por envolvimento no crime. Ele afirmou que a motivação para o homicídio foi o flagrante de uma relação sexual entre os dois dentro do templo.
Silvio também disse que recebeu ameaças para não denunciar o envolvimento deles no crime. Após cumprir sete anos em regime fechado, Galiza ganhou liberdade condicional em 2012.
Apenas agora, 22 anos depois, os outros dois líderes religiosos da mesma igreja foram acusados de matar o menino de 14 anos.
A questão é que o jovem Lucas Terra foi cruelmente assassinado, queimado vivo e teve o corpo abandonado em um terreno baldio na capital baiana. Ele também foi estuprado antes de tudo isso.
Pastores condenados
A pena para ambos foi de 18 anos de prisão, mas agravada para 21 anos, devido à tripla qualificação do crime: motivo torpe, emprego de meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
Marion Terra, mãe do adolescente, acompanhou o julgamento do início ao fim, emocionando-se em várias ocasiões.
Durante a defesa dos acusados, Marion optou por se retirar do salão principal, buscando refúgio ao lado de seus outros dois filhos e familiares. O portal ‘G1’ tentou entrar em contato com a defesa dos pastores, mas não obteve resposta.
O júri popular, que começou com o depoimento de seis testemunhas – cinco de acusação e uma de defesa – foi marcado por fortes emoções. A acusação solicitou uma acareação, devido a contradições na fala da testemunha de defesa.
A mãe da vítima prestou seu emocionado depoimento no primeiro dia. Testemunhas contaram que viram Lucas na noite do desaparecimento e uma delas relatou ter recebido orientação de um pastor da Igreja Universal para suspender as buscas independentes pelo adolescente.
No segundo dia do júri, as esposas dos pastores testemunharam em favor dos maridos. Porém, a acusação identificou contradições no depoimento da esposa do pastor Fernando.
Ela teria dito que havia se encontrado com Lucas Terra em Copacabana, no Rio de Janeiro. Acontece que, nos autos do processo, está registrado que essa mesma mulher não se lembrava se já tinha tido contato com o adolescente.
Ao todo, nove das 10 testemunhas de acusação foram ouvidas. As esposas dos líderes religiosos afirmaram que estavam com os réus no dia em que Lucas desapareceu, na noite de 21 de março de 2001.
Além disso, um bispo e dois pastores da Igreja Universal declararam que Lucas Terra era um jovem dedicado à religião e que os fiéis da igreja se comprometerem a procurar por ele após o desaparecimento.
Apesar de tudo isso, a juíza condenou os pastores pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, cometidos 22 anos atrás.
Veja fotos de Lucas Terra:
Pai de Lucas Terra lutou por justiça até morrer
Carlos Terra, o pai de Lucas, transformou a dor em uma luta incessante por justiça. Ele percorria as ruas de Salvador com cartazes: “Meu filho foi queimado vivo“. Não se tratava apenas de um protesto, mas de um pedido desesperado.
O homem, durante todos esses anos de espera pelo júri popular, mostrou uma força incansável. Acampou em frente ao fórum em Salvador, escreveu um livro sobre o caso e pressionou autoridades, tanto nacionais quanto internacionais, a tomar medidas.
Infelizmente, Carlos Terra não viveu para ver o resultado do julgamento dos dois pastores. Em 2019, ele faleceu em decorrência de uma parada respiratória causada por cirrose hepática.
Ele foi enterrado ao lado do filho – infelizmente sem ver a justiça que tanto buscou ser realizada.
“Este livro relata a história verdadeira de um pai que percorreu em quilômetros o equivalente à três voltas no planeta terra em busca de justiça por seu filho adolescente de 14 anos, que foi Traído Pela Obediência, amarrado, amordaçado, espancado, violentado e queimado vivo por pedófilos assassinos no Brasil“, diz um trecho do livro ‘Lucas Terra – Traído pela Obediência’, escrito pelo pai da vítima.
Veja uma foto do pai de Lucas Terra protestando por justiça no caso do assassinato do filho:
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