O tenente Oliveira, aos 92 anos, ainda possui o capacete que o acompanhou por três décadas, inclusive no resgate no Joelma.
“Foi muito triste, horrível. O prédio parecia uma árvore de Natal, com pessoas nas janelas laterais tentando se salvar“, ele rememora, destacando a terrível visão que o confrontou ao chegar no local.
O major Boanerges, por sua vez, guarda não apenas as memórias, mas também uma escada de resgate e um botijão de gás que testemunharam a tragédia.
A escada, em particular, simboliza o esforço deles para salvar pessoas presas nas chamas. “Com essa pequena escada que guardo até hoje, salvamos muitas vidas“, conta, evidenciando o impacto de suas ações.
A tragédia do Joelma não foi apenas um momento de luto, mas também um ponto de reflexão sobre a segurança em edificações, culminando em reformas significativas nas leis de prevenção de incêndios e fiscalização.
Vinte anos após o incidente, o prédio foi interditado devido a irregularidades, reforçando a necessidade contínua de vigilância.
Entre as lembranças mais marcantes está o agradecimento de uma sobrevivente ao tenente Oliveira: “Salvei uma moça. Ela olhou no meu olho e disse: ‘Deus lhe pague!‘ Isso eu nunca vou esquecer”, expressa, com emoção.
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50 anos do incêndio no Edifício Joelma
Em uma manhã chuvosa de 1974, São Paulo testemunhou uma das maiores tragédias em sua história: o incêndio no Edifício Joelma.
Cinquenta anos se passaram desde aquele 1º de fevereiro, um dia que deixou um saldo devastador de 187 mortos e mais de 300 feridos, um acontecimento que até hoje ressoa na memória coletiva da cidade e serve como um sombrio lembrete da importância das medidas de segurança nos prédios.
O desastre teve início com um curto-circuito em um ar-condicionado, localizado no 12º andar do prédio, que pertencia a um banco.
Rapidamente, as chamas se espalharam por cortinas e carpetes, e a falta de proteção na fachada do edifício só piorou a situação.
À época, o Joelma, com seus 25 andares, figurava entre os arranha-céus mais imponentes da capital paulista, que abrigava cerca de 5 milhões de habitantes.
O incêndio, que durou mais de três horas, consumiu 14 pavimentos do prédio. O caos se intensificou com a explosão de botijões de gás e o fato de que helicópteros de resgate não conseguiam pousar no topo do prédio, devido à ausência de um heliponto adequado.
Imagens dramáticas capturadas naquele dia, incluindo a queda desesperada de uma pessoa do último andar, foram transmitidas ao vivo pelo ‘Jornal Nacional’, chocando o país.
Na sequência da tragédia, o Edifício Joelma foi submetido a reformas significativas para reforçar sua segurança.
Mais do que isso, o incidente serviu de catalisador para a criação da primeira legislação de segurança contra incêndios em São Paulo, marcando um ponto de virada na regulamentação de edifícios para prevenir tais desastres.
A responsabilidade pelo incêndio foi atribuída a falhas técnicas e humanas, levando à condenação de profissionais por imperícia, negligência e omissão.
Entre eles, um engenheiro, o gerente de uma empresa de ar-condicionado e três eletricistas, evidenciando a importância da manutenção e do cuidado nas instalações elétricas.
Homenagem aos heróis
Em memória das vítimas e em honra aos sobreviventes, a Câmara Municipal de São Paulo prestou homenagem aos bombeiros que atuaram no combate ao fogo, entregando o Prêmio Coronel Hélio Barbosa Caldas.
Este grupo de valentes, agora com idades entre 70 e 90 anos, recebeu o reconhecimento merecido por seu trabalho árduo e corajoso naquele dia terrível.
Entre os homenageados estão:
- Lisias Campos Vieira, 72 anos;
- Eduardo Boanerges Soares Barbosa, 77 anos;
- Augusto Carlos Cassaniga, 83 anos;
- Rufino Rodrigues de Oliveira, 92 anos;
- Luiz Alves Grangeiro, 78 anos;
- Francisco Assis dos Santos, 77 anos;
- Pedro Ortiz Caceres, 74 anos;
- Roberto Silva, 81 anos;
- João Simão de Souza, 73 anos;
- Franclin de Jesus Ferreira, 75 anos;
- Celio Moterani, 76 anos.
O incêndio no Edifício Joelma não é apenas uma história de perda e tragédia, mas também de coragem, mudança e prevenção. É um lembrete do valor da vida e da importância das medidas de segurança para proteger as pessoas.
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