O nascimento de Rosita Mabuiango em uma árvore, acima de águas turbulentas, há 17 anos, a empurrou para um estrelato instantâneo. A história chamou a atenção global para as piores inundações que atingiram Moçambique recentemente.
As imagens de Rosita envolta em um pano de linho sujo, momentos depois que ela e sua mãe foram capturadas a salvo por um helicóptero, comoveram o mundo. Fundos foram arrecadados para dezenas de milhares de sobreviventes de inundações.
Hoje em dia, a adolescente não se considera especial. “Sou normal, foi apenas uma maneira diferente de nascer”, disse ela.
A história
Rosita nasceu em 1 de março de 2000, quatro dias depois de sua mãe abandonada ter escalado uma árvore para escapar das fortes inundações que rasgavam o sul de Moçambique. “Eu acho que é Deus quem escolheu que eu nascesse desse jeito”, disse Rosita.
As inundações torrenciais haviam forçado a mãe de Rosita, Carolina Chirindza, e outros familiares a literalmente subir em uma árvore, sem comida ou água. Enquanto se agarravam uns aos outros, Carolina entrou em trabalho de parto.
Sua sogra tinha um longo sarong debaixo dela para pegar o bebê e impedi-lo de cair nas águas infestadas de crocodilos. “Eu não estava preparada para isso, mas era isso que Deus queria”, disse Carolina Chirindza, de 39 anos.
Um jornalista registrou uma imagem dela e do bebê recém-nascido sendo levantados por um helicóptero sul-africano das forças de defesa após o ocorrido.
Depois de pousar em solo seco, a mãe, exausta, embalou sua filha em um pano de linho encharcado. Sua mãe ainda afirma que sua sobrevivência foi um “milagre”.
“Sim, isso mudou minha vida, porque agora eu tenho uma casa, eu também tenho um emprego”, disse Chirindza, falando fora de uma casa de três quartos doados à família pelo município local.
A ela também foi dado um trabalho como limpadora pelo administrador do distrito, tirando-a da extrema pobreza.
Após o nascimento
Quatro meses e meio depois de ter nascido, Rosita e sua mãe viajaram para Washington, Estados Unidos, para pressionar o Congresso americano a ampliar a ajuda na ajuda de dezenas de milhares de moçambicanos afetados pela catástrofe.
O nascimento na copa da árvore de Rosita ajudou a lançar os holofotes sobre um país empobrecido e dominado por inundações. Quase 800 pessoas morreram nesse desastre.
Rosita se tornou um ícone na busca de ajuda internacional, com intuito de ajudar os afetados e para melhorar os esquemas de proteção contra inundações que impediram uma repetição do enorme número de mortes. Uma placa foi erguida na mafureira (árvore natal de mogno) onde ela nasceu.
Mas a garota está aliviada, pois a atenção pública tem enfraquecido. O que ela quer é ter uma vida normal, com foco em seu trabalho escolar.
Ela quer cursar engenharia petroquímica, uma escolha de carreira estratégica com a recente descoberta de reservas de gás ao largo da costa de Moçambique. Quando não estuda, ela joga futebol em sua escola católica e alguns clubes locais.
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