Um tunisiano de 25 anos que salvou duas crianças – entre elas um bebê – de um incêndio em Paris, em 2015, corre o risco de ser expulso da França.
O destino de Aymen Latrous, imigrante ilegal, ganhou a atenção da imprensa francesa após o caso do malinês Mamoudou Gassama, que recebeu, na semana passada, visto de residência após salvar uma criança que estava prestes a cair do quarto andar de um prédio da capital.
Val-d’Oise : Aymen, le héros oublié, échappe à l’expulsion https://t.co/L9hljDn92l
— Le Parisien (@le_Parisien) June 4, 2018
Os dois episódios foram usados por ONGs para reclamar do governo francês, que adotou novas medidas contra a “imigração econômica” – feita por pessoas que não teriam direito a asilo. O caso de Latrous foi lembrado pelo jornal Le Parisien.
Na semana passada, o caso de Gassama ganhou as redes sociais e viralizou em todo o mundo. Vídeos amadores mostraram sua escalada, sem qualquer equipamento, na fachada de um prédio, onde um menino de quatro anos se segurava para não cair.
O caso deu ao malinês celebridade instantânea. Dois dias depois de seu ato de heroísmo, Gassama foi recebido no Palácio do Eliseu pelo presidente Emmanuel Macron, que lhe prometeu um processo acelerado de naturalização e uma profissão – o curso de formação de bombeiros.
Formado em Informática, Latrous chegou à França em 2013. Em abril de 2015, resgatou duas crianças presas em um apartamento em chamas. Embora tenha sido noticiado na época, o caso não teve a mesma atenção do de Gassama.
Latrous recebeu uma medalha e solicitou sua regularização. Mas, após examinar a situação, a chefia de polícia da região de Val-d’Oise não só indeferiu o pedido como emitiu uma ordem de expulsão.
Sob pressão, as autoridades informaram que a expulsão foi cancelada e o caso será reexaminado. “A nova instrução de pedido de visto levará em conta o ato positivo e altruísta de Latrous”, informou a chefia de política de Val-d’Oise.
Em meio à nacionalização-relâmpago de Gassama e à polêmica envolvendo Latrous, a situação de imigrantes “anônimos” na capital e em outras regiões do país continua difícil. Três novas desocupação foram realizadas nos últimos cinco dias em Paris, no esforço do Estado e da prefeitura de retirar os imigrantes acampados nos três locais da capital.
Na semana passada, cerca de mil pessoas foram removidas das margens do Canal Saint-Denis e levadas para abrigos improvisados em ginásios, onde seriam triados entre os com chance de obterem asilo e os que serão expulsos.
Outras 400 pessoas, a maioria de afegãos, foram removidas do Canal Saint-Martin, um dos principais pontos turísticos da cidade. “Eu espero receber o asilo. O que quero é permanecer na França”, disse ao Estado o maliano Kanté Rarodla, 41 anos, que cruzou o Mediterrâneo por bote.
Durante a desocupação, não houve conflitos, mas ONGs consideram que as remoções podem ser inúteis em razão do fluxo permanente de chegadas de imigrantes à França.
Homem escala prédio para salvar bebê pendurado em varanda de prédio
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