Não deve ser fácil selecionar cerca de 15 pessoas com o objetivo de que estas embarquem em “altas aventuras” na “nave louca do BBB” todos os anos desde 2002. Pior ainda deve ser tramar situações para que esses “guerreiros” realmente deem assunto, briguem, se beijem, se separem, formem panelas e ganhem o coração – ou profundo ódio – do povo brasileiro.
A dificuldade das tarefas é perceptível a olho nu. Provavelmente por isso, apesar de manter relevância como entretenimento ao longo de 18 edições, a equipe do Big Brother às vezes mete os pés pelas mãos tentando ser criativa, acaba mexendo em time que sempre esteve ganhando e, querendo acertar, irrita o telespectador purista.
Cansado de mais um dia de intenso trabalho, o telespectador quer chegar em casa e se divertir com briguinhas saudáveis, pequenos complôs, romances insuportáveis e personalidades fascinantes. A audiência mais tradicional não tem paciência para as constantes mudanças de regras do reality e para as exaustivas tentativas de ornamentar a convivência e estimular o desentendimento e a formação de casais entre os brothers. O Big Fone sempre parece armado, as provas do líder às vezes são tão complicadas que nem mesmo o apresentador parece entendê-las – nem mesmo quando o apresentador em questão era o saudoso Pedro Bial.
O método de votação por região adotado no BBB 16 é um exemplo. Supostamente tentando melhorar a representatividade de diferentes locais do país, a regra adotada enquanto a edição já estava no ar não agradou ninguém e foi extinguida no ano seguinte (não deixa saudades).
Falando em saudades, o que dizer de um tempo em que o telespectador sabia que todo domingo seria formado um paredão em sua mais pura forma: com duas pessoas se enfrentando? O paredão triplo, de exceção, virou quase regra e se alterna com o velho conhecido enfrentamento de dois oponentes ao bel prazer da produção. A possibilidade de três pessoas se enfrentarem tira do público, por exemplo, a emoção de um casal emparedado ou uma amizade bonita que com certeza será destruída na próxima terça-feira, porque um ou outro terá que sair. Isso sem falar nas já gastas falsas eliminações – tática que só foi interessante uma vez, com Ana Paula, no BBB 16.
Para não dizer que a produção é de todo ruim e se esforça apenas para irritar o público, a torcida é para que o BBB 18 repita a diversidade de rostos, profissões e estilos de vida da edição anterior. O telespectador que – repito – está cansado após um longo dia de trabalho, já não aguentava mais ver apenas modelos, DJs e misses de corpos malhados interpretando personagens no seu televisor. A escalação de participantes com feições pouco inseridas nos padrões de beleza e de diferentes condições sociais devolveu o ar de vida real à 17ª edição do programa. Além disso, a participação de Marinalva, atleta com deficiência física, serviu como pequena amostra da rotina de indivíduos amputados e foi uma fórmula que deu certo.
O que esperar do BBB 18? Torcendo os dedos e aguardando com otimismo: menos invenção de moda, mais gente como a gente, menos situações absurdas de assédio (vide Marcos Harter) e mais volta às origens. Aguardemos a próxima segunda (22) para mais expectativas.
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