Bispos de vários países vêm publicando cartas e manifestos em defesa do papa Francisco, em reação às declarações de d. Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, que sugeriu a renúncia do pontífice. Ele afirmou que o papa teria acobertado supostos abusos sexuais do arcebispo emérito de Washington, cardeal Theodore McCarrick.
Francisco tem preferido manter silêncio diante dessa acusação e de frequentes críticas a seu pontificado da ala conservadora da Igreja, com participação de membros da Cúria Romana. Mas não deixa de admoestar e punir eclesiásticos culpados de desvios e abuso sexual.
Simultaneamente ao episcopado da Argentina, país de origem de Jorge Mario Bergoglio, ex-arcebispo de Buenos Aires, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou em agosto um texto para manifestar sua obediência, amor e fidelidade ao papa. À Radio Vaticano, o cardeal Sérgio da Rocha, presidente da CNBB, disse que a mensagem é não só uma expressão do que os bispos do Brasil sentem, mas da Igreja no Brasil. “Esperamos cada vez mais crescer nessa comunhão com o sucessor de Pedro. Crescer na unidade com o Papa Francisco, em todos os aspectos.”
Na mesma época, o Conselho do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (Celam) publicou um manifesto de apoio a Francisco, no encerramento da comemoração de 50 anos da Assembleia de Medellín, na Colômbia. “O documento foi assinado pelo cardeal colombiano Jesús Salazar Gómez, de linha bastante conservadora”, informa a teóloga brasileira Maria Clara Bingemer, da PUC-RJ, que participou do encontro.
A onda de manifestações de apoio a Francisco cresceu mundo afora Os episcopados do Peru, México, Paraguai, Portugal assinaram declarações de solidariedade. “Você não está sozinho”, escreveu o cardeal Ricardo Blázquez, presidente da Conferência Episcopal Espanhola e arcebispo de Valladolid.
Os bispos dos Estados Unidos se dividiram. Ao lado de declarações de apoio ao papa, houve manifestações pessoais a favor do ex-núncio Viganò. Em carta a sua arquidiocese, o arcebispo de San Francisco, d. Salvatore Cordileone , afirmou que eram verdadeiras as acusações de Viganò contra McCarrick.
Segundo o ex-núncio, o papa sabia, desde 2013, das denúncias de abusos sexuais. Ele disse ainda que, pouco depois de sua eleição, em março de 2013, Francisco retirou supostas sanções impostas por seu predecessor, Bento XVI, ao cardeal norte-americano Na realidade, o arcebispo emérito, de 88 anos, renunciou ao título de cardeal e, por determinação do papa, permanece recluso até que sejam apuradas as acusações.
Livro
Os jornalistas Nelio Scavo e Roberto Beretta, do jornal italiano Avvenire, de inspiração católica, lançaram no primeiro semestre o livro Fake Pope – As falsas notícias sobre o papa Francisco, no qual refutam, após exaustivas investigações, as acusações feitas ao jesuíta Jorge Mario Bergoglio, do início de seu trabalho na Argentina até o quinto ano de seu pontificado. O livro saiu em maio deste ano e, portanto, não registra o escândalo das denúncias de Viganò.
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