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Brasileira que viveu por meio século em hospital é adotada aos 66 anos de idade

Idosa conseguiu obter, pela primeira vez na vida, um sobrenome e documentos de identificação

Dona Cotinha viveu, por mais de 50 anos, no hospital Beneficência Portuguesa, onde foi socorrida após ser atropelada ainda criança. A instituição fechou há dois anos e, sem ter pra onde ir, uma funcionária a levou para casa.

No hospital, ‘Cotinha’ foi um apelido criado pelos próprios médicos, pois ela não tinha nenhum tipo de documento. Seu nome verdadeiro nunca foi descoberto, pois ela possui deficiências e não sabe falar. Durante todos aqueles anos, ela viveu como indigente na instituição.

Gláucia Andressa dos Santos Gomes, que tem 30 anos de idade, trabalhou por anos no hospital e contou a história de Cotinha: ela chegou à instituição acompanhada do irmão de quatro anos, ambos acidentados.

“O irmãozinho faleceu e ela ficou lá internada. Naquela época as freiras que tomavam conta e então ela foi criada por elas”, disse.

“Quando o hospital fechou ninguém quis ficar com ela [em 2015]. Eu vi que, se eu abrisse mão dela, ela ia ficar em um asilo, sem saber onde. Eu não podia fazer isso. Ela só tinha a mim na vida dela”, afirmou Gláucia.

A falta de documentos foi um grande empecilho e levaram longos dois anos para que a situação de Cotinha fosse regularizada. Agora, ela foi oficialmente adotada por Gláucia na cidade de Araraquara, no estado de São Paulo.

Com a ajuda de duas advogadas, a idosa conseguiu tirar seus documentos e, pela primeira vez na vida, ganhou um sobrenome: Santos Gomes, o mesmo da mãe adotiva.

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As advogadas também conseguiram uma certidão de nascimento. A data escolhida foi 12 de outubro porque era no dia das crianças que os funcionários do hospital comemoravam o aniversário de Cotinha.

“Não tem filiação na certidão de nascimento dela e colocar um sobrenome qualquer a gente falou que não teria necessidade se hoje a mãe dela de fato é a Gláucia. Aí usamos desse princípio da afetividade para que contasse o sobrenome ‘dos Santos Gomes’, que é o sobrenome da Gláucia, na certidão de nascimento da Cotinha”, explicou a advogada Giulia Negrini.

Gláucia conta que a documentação trouxe mais qualidade de vida para a idosa e toda família. “Hoje posso viajar com ela. Imagina se eu fosse viajar com ela sem documento? Hoje eu posso ir para qualquer lugar. Ir ao cinema, ela paga metade [do ingresso] [risos]”.

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