A personagem Maria da Paz, interpretada por Juliana Paes em ‘A Dona do Pedaço’, atual novela das nove da TV Globo, é um verdadeiro sucesso de audiência. Você sabia que ela foi inspirada em uma pessoa real?
A moça de origem humilde que muda de vida tem grande inspiração na empresária Cleusa Maria da Silva, que se tornou dona de uma das confeitarias mais famosas do Brasil: a Sodiê Doces.
A semelhança entre a história de vida de Cleusa e a de Maria da Paz no folhetim global é gigantesca. A empresária era boia-fria e, assim como a personagem, trabalhou como empregada doméstica.
Prestes a abrir sua primeira loja no exterior, ela deu uma entrevista ao portal ‘Uol’ e contou como conseguiu se tornar milionária vendendo bolos e trabalhando “com muito suor”.
“Meus avós eram boias-frias, meus pais e eu também. Desde criança, sempre fui muito inconformada. Eu via minha mãe muito conformada. Digo conformada porque nunca a vi reclamando da vida. A gente não passava fome, mas a vida era duríssima. Era literalmente pão e água, ou macarrão e água, porque nem sal tinha. Tudo que já era difícil ficou pior quando meu pai faleceu”, conta ela.
“Nosso patrão mandou a gente embora do sítio porque para ele não interessava uma viúva com 10 filhos pequenos. E aí minha mãe foi com aquele bando de crianças trabalhar de boia-fria. Levantávamos às 5h da manhã, com sol e chuva. Era um negócio surreal. Morávamos em uma casa de dois cômodos, em que dormiam 10 pessoas num quarto com cama e duas beliches. Hoje não posso nem imaginar como a gente conseguia isso. Eu via uma casa bonita e imaginava que um dia teria uma daquelas. Eu tinha algo dentro de mim de que minha vida iria mudar. Era insatisfeita de dia e sonhava à noite”, continua Cleusa.
“Aos 12 anos andava de caminhão pau de arara, cortava cana, capinava soja, colhia algodão… Fiz de tudo na lavoura. Aos 16, meu tio pediu para a minha mãe uma das crianças para ele ajudar e ela disse que não daria um filho dela. Eu escutei a conversa e falei: ‘Eu quero ir com o meu tio para São Paulo’. Ele deixou o endereço e foi embora. Tomei o ônibus sozinha e fui. Fiquei assustada, eu vinha de uma cidade selvagem, mas consegui chegar na casa do meu tio e comecei a trabalhar de empregada doméstica”, completa.
“Tinha um monte de gente que trabalhava na casa: motorista, passadeira, governanta… Eu era arrumadeira. Mas aquilo me deixava muito indignada. Se na minha casa tinha um sabonete para 10 filhos, lá tinham várias caixas fechadas. Tive um choque de realidade assustador. Senti indignação por uma diferença tão brutal, mas ao mesmo tempo uma vontade imensa de buscar uma vida melhor. Voltei a estudar, trabalhava durante o dia e fazia supletivo à noite. Essa foi minha primeira atitude para mudar de vida”, disse.
“Um dia ela [uma amiga] quebrou a perna e me pediu para fazer um bolo de casamento de 35 quilos para a sobrinha. Ela se sentou numa cadeira com a perna quebrada e me ensinou a fazer o bolo. Depois, me falou: ‘Você é uma pessoa abençoada e conseguiu em um dia fazer o que eu levei 10 anos para conseguir’. Até então eu nunca tinha feito bolo. Nunca nem mesmo tinha ganhado uma festa de aniversário. Minha família era muito pobre. Bolo era luxo”, ela revela como foi o início da mudança em sua vida.
“Hoje a Sodiê fatura aproximadamente R$ 290 milhões por ano. Mas nunca tive ilusão de comprar um carrão ou de ostentar. A primeira coisa que fiz foi comprar uma casa para mim em Salto e construí uma casa confortável para minha mãe, que era o meu sonho de consumo. Todos os meus irmãos estão envolvidos com a empresa. Consegui mudar a vida de toda a minha família. Tenho orgulho e descobri que valeu a pena cada noite sem dormir, cada vez que chorei debaixo do chuveiro, cansada. Vale a pena acreditar, ter foco e ver a vida mudar. Isso não tem preço”, finaliza ela.
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