O capítulo de terça-feira (30) de “Malhação – Viva a Diferença” irritou a Polícia Militar de São Paulo, instituições que representam os policiais e os deputados federais Major Olímpio (SD-SP) e Capitão Augusto (PR-SP).
Nesta quarta-feira (31), o Major Olímpio, que trabalhou na corporação por 29 anos, protocolou uma representação na Procuradoria Geral da República e no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações contra a TV Globo. A revolta se deu em função de uma cena em que um policial militar faz uma abordagem racista.
De acordo com o documento elaborado pelo parlamentar, a emissora viola os artigos 220 e 221 da Constituição ao “veicular programa ofensivo à instituição pública com caráter discriminatório e de estímulo a práticas racistas contra pessoa de origem oriental e negra”.
A PM publicou uma nota, através de um blog, criticando a o modo como a novela retratou o tema. “A Polícia Militar do Estado de São Paulo repudia, com total indignação, a cena veiculada na novela ‘Malhação’ […] na qual dois jovens personagens foram abordados por um policial militar, com figurino semelhante ao utilizado pela PM paulista, que os tratou de forma discriminatória e racista. Ao contrário da cena reportada, a Polícia Militar segue fielmente os princípios constitucionais e basilares do respeito aos Direitos Humanos […]”, diz o texto.
A corporação também afirmou que a cena cria uma falsa concepção sobre a PM. “A cena generalizou toda uma Instituição, formada por pessoas dignas, mães e pais de família, que trabalham em São Paulo, diariamente chamados e reconhecidos pela nobreza das ações que realizam. Os feitos positivos da Polícia Militar paulista e as ações destemidas de seus integrantes são evidentes e sobrepõem-se, inquestionavelmente, aos desvios de conduta que são pontuais. Cenas lamentáveis como induzir o telespectador a criar uma concepção falsa de sua polícia distorcem a realidade de sua essência de conciliação e abnegação”, afirma.
Na cena em questão, PMs abordam Anderson (Juan Paiva) e Tina (Ana Hikari), durante uma blitz. “Pascoal, o ‘negão’ está falando aqui que namora a ‘japinha'”, diz um dos policiais. Incomodada, a moça rebate: “Você está louco, isso é racismo!”.
Porém, a autoridade responde a garota com falas racistas: “Escuta aqui, não estou falando com você. O mano não é gente da sua cor. Pascoal, isso é desacato a autoridade, não é? Vamos levá-los para o Departamento de Polícia. O ‘negão’ vai ser preso direto se você não ficar quieta, ouviu ‘japa’?”. Na sequência, o policial ironiza: “Acho bom ligar para seu pai logo porque a coisa vai ficar complicada para você e para seu namorado”.
Por fim, o policial faz algumas insinuações para o pai da garota , mas ele nega a proposta. “O senhor tem certeza que não quer que a gente cuide do garoto?”, diz o PM.
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