O Disque 100, um serviço do governo federal para denúncias e proteção contra violações de direitos humanos 24 horas, registrou um aumento de 36% nas denúncias relacionadas à intolerância religiosa no Brasil entre 2015 e 2016. Se a estatística sobre todo o território nacional já é grande, no Rio de Janeiro a situação é ainda pior. O Estado registrou um aumento de 119% nesse sentido, com oito terreiros destruídos e 35 denúncias de agressão dirigidas a religiões africanas.
Em setembro, Carmen Flores, a mãe Carmen de Oxum, vivenciou um desses ataques, quando teve seu próprio terreiro em Nova Iguaçu, na região metropolitana do Rio de Janeiro, completamente destruído. Em relato à polícia, Carmen contou que voltava do mercado quando foi rendida por sete bandidos armados. Eles filmaram a ação criminosa e postaram o vídeo nas redes sociais. Em uma das imagens, um deles ordena: “Taca fogo em tudo, quebra tudo, que o sangue de Jesus tem poder”. Além disso, ela disse ter presenciado vizinhos aplaudindo a destruição por parte dos bandidos.
Os casos de intolerância religiosa tem sido mais frequentes com o aumento da violência, com a ausência de policiamento no Rio de Janeiro e com e a propagação de discursos de intolerância e ódio na internet.
Em entrevista à revista Veja, Carmen contou que traficantes convertidos a religiões evangélicas pentecostais vêm travando verdadeiras lutas contra praticantes de candomblé e umbanda no Rio de Janeiro. De acordo com o secretário de direitos humanos do governo fluminense, Átila Nunes, a falta de punição para esses casos só faz com que eles ganhem força. “O discurso das lideranças pentecostais e a impunidade dos atacantes passam a mensagem de que esses atos não são crime”, disse em entrevista à Veja.
Temendo por sua vida, a mãe Carmen de Oxum viajou para a Suíça. “Fui expulsa pelo tráfico”, disse.
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