Um pai desempregado adaptou uma bicicleta para levar a sua filha, de 3 anos, à escola. Juracir Ferreira Faustino de Souza mora na zona rural de São Carlos (SP) e pedala 40 quilômetros, diariamente, para transportar a criança de sua residência até o colégio, que fica no Jardim Cruzeiro do Sul, também em São Carlos.
A história foi transmitida pela EPTV, afiliada da Rede Globo na região. Juracir fez adaptações em uma bicicleta para poder transportar a filha. Ele improvisou uma cobertura com uma cortina de banheiro e colocou uma cadeirinha para que a locomoção seja mais segura.
“Peguei madeirinhas da reciclagem e tinha uma cortina em casa, aproveitei para poder proteger minha filha. Sem ônibus, tenho que me virar do jeito que posso. Estou seguindo em frente e vamos ver no que vai dar”, afirmou o pai, em entrevista à EPTV.
O homem e sua filha saem de casa por volta das 5h20. O trajeto, que dura cerca de uma hora e meia, tem estrada de terra, rodovia e trânsito urbano. Faz-se o caminho de ida e volta duas vezes: para levar a menina e voltar à fazenda, bem como buscá-la e retornar para casa.
A justificativa de Juracir para tanto esforço é simples e direta: “Quero dar a ela o que eu não tive, porque eu não tive essa oportunidade”, disse.
Transporte escolar?
A Secretaria de Educação de São Carlos afirma que a criança tem direito a transporte escolar. No entanto, por ela ter menos de 6 anos de idade, deve estar acompanhada de um responsável.
“Não sei o motivo (de não a buscarem), já que o ônibus passa na porta, pega meu sobrinho, mas não pega ela. Eles alegam que não podem levá-la porque ela ainda não tem quatro anos, a diferença é de cinco meses apenas”, disse Juracir.
Segundo o pai, seria impossível acompanhá-la no ônibus. “Teria que fazer um sacrifício, que é o de ficar o dia todinho com fome na porta do colégio, aí quando ela saísse vir embora junto”, afirmou.
Procurado pela reportagem da EPTV, Nino Mengatti, secretário municipal de Educação, reforçou que não é possível transportar a menina pela ausência de cadeirinha. “Nós não podemos permitir que crianças com menos de 6 anos viagem desacompanhadas por questões que esses ônibus não têm cadeirinha. É um risco para a criança e a família”, disse.
Ele afirmou, ainda, que há outras crianças na cidade na mesma situação. A prefeitura, segundo ele, tem tentado resolver o problema, mas que não há como abrir exceção até a solução. “Há milhares de pessoas desempregadas e nem por isso deixam de acompanhar seus filhos”, concluiu.
Juracir, por sua vez, reforçou que continuará acompanhando sua filha até que ela consiga uma vaga no ônibus. “Não dá certo uma criança fora da escola, se não der certo [o ônibus] eu continuo trazendo ela todo santo dia. Tem que ter a escola pra criança”, afirmou.
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