O assunto “Exército” ficou entre os dez mais comentados do Twitter mundial na madrugada desta quarta-feira (4). O destaque veio após a publicação feita pelo general Villas Bôas, comandante do Exército, em seu perfil na rede social, afirmando que “repudia a impunidade” e que a Força está atenta “às suas missões institucionais”.
A manifestação, recebida com críticas e apoio, veio às vésperas do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) April 3, 2018
Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) April 3, 2018
Outros militares manifestaram apoio a Villas Bôas. Também no Twitter, o general José Luiz Dias Freitas, comandante Militar do Oeste, escreveu: “Mais uma vez o Comandante do Exército expressa as preocupações e anseios dos cidadãos brasileiros que vestem fardas. Estamos juntos, Comandante”.
Na contramão, o ex-procurador da República Rodrigo Janot se disse preocupado. “Isso definitivamente não é bom. Se for o que parece, outro 1964 será inaceitável.”
Veja a repercussão por parte de autoridades:
Ministério da Defesa
“O comandante do Exército mantém a coerência e o equilíbrio demonstrados em toda sua gestão, reafirmando o compromisso da Força Terrestre com os preceitos constitucionais, sem jamais esquecer a origem de seus quadros que é o povo brasileiro. E manifesta sua preocupação com os valores e com o legado que queremos deixar para as futuras gerações. É uma mensagem de confiança e estímulo à concórdia.”
Rodrigo Maia, presidente da Câmara (DEM-RJ)
“Em momentos de turbulência, quando setores da sociedade se posicionam de diferentes formas, não se deve questionar o respeito à Constituição. Cada órgão do Estado deve seguir exercendo suas funções nos limites estabelecidos por ela. É hora de buscar a união do país com serenidade.”
Gleisi Hoffmann, senadora e presidente do PT
“Assim como afirma o general Villas Boas, o partido defende o combate à impunidade e o respeito à Constituição, inclusive no que diz respeito ao papel das Forças Armadas. E o respeito à Constituição implica na garantia da presunção de inocência.”
João Doria, prefeito de São Paulo (PSDB)
“O general Villas Bôas é homem de bem, equilibrado e patriota. Tem o meu respeito nas suas manifestações.”
General Geraldo Miotto
“Estamos juntos meu COMANDANTE!!!na mesma trincheira firmes e fortes!!!! Brasil acima de tudo !!! Aço !!!”
Claudio Lamachia, presidente da OAB
“O Brasil passa por uma forte crise institucional, política e econômica. Não existe solução para o país fora da Constituição e da democracia. Por isso, o respeito às decisões do STF, independentemente dos vencedores e dos vencidos, é condição para a existência do Estado de Direito. O país vive hoje seu mais longo período democrático, iniciado com o fim da ditadura militar. Nossa jovem democracia já criou instituições sólidas e capazes de lidar com erros e acertos. É preciso aprimorá-las, como tem sido feito a partir do uso de ferramentas e mecanismos constitucionais. Não existe solução para o Brasil à margem da Constituição. A OAB, no seu papel de tribuna da cidadania e defensora intransigente do Estado democrático de Direito, conclama a nação a repudiar qualquer tentativa de retrocesso e reitera sua determinação em continuar apoiando a luta pela erradicação da corrupção em nosso país, na estrita observação do que determina a Constituição. Para os males da democracia, mais democracia. Não podemos repetir os erros do passado!”
Sérgio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional
“O general apenas reafirmou a obediência à Constituição e a preocupação com o bem comum acima dos interesses individuais.”
Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República
“Isso definitivamente não é bom. Se for o que parece, outro 1964 será inaceitável. Mas não acredito nisso realmente.”
Chico Alencar, deputado (PSOL-RJ)
“Alô, general Villas Boas, sugestão de leitura: Constituição cidadã, sobre o papel das FFAA, e Regime Disciplinar do Exército, itens 56 a 59. Viva a República, defendamos a democracia! 50 anos do assassinato de Luther King: supremacistas brancos nunca mais. 54 anos do golpe civil-militar de 64: ditadura nunca mais! O PSOL também é contra qualquer impunidade. Inclusive dos torturadores do regime militar. O PSOL também é contra quem faz política por interesse pessoal ou com a força da corporação armada.”
Confira a repercussão geral no Twitter:
O papel do jornalismo não é o de simplesmente dar coro à voz do general. É o de esclarecer que em uma democracia não cabe ao exército “opinar” sobre decisões do Supremo.
— Laura Carvalho (@lauraabcarvalho) April 4, 2018
Comandante do Exército intimida publicamente o STF e, ao fazê-lo, descumpre com uma de suas missões institucionais, que é justamente garantir o respeito aos poderes da República. Se estivéssemos em uma democracia, deveria ser afastado imediatamente do posto. https://t.co/Z3ickoiPzk
— Haroldo Caetano (@haroldcaetano) April 4, 2018
Em nenhuma democracia do Planeta um comandante do Exército se pronuncia nesse tom às vésperas de um julgamento importante da Suprema Corte. Obviamente ultrapassa a missão institucional das Forças Armadas, que não estão acima dos 3 Poderes constitucionais.
— Flávio Dino (@FlavioDino) April 4, 2018
O comandante do Exército está chantageando o STF e fazendo ameaças veladas? É isso mesmo? pic.twitter.com/QxM7MbYwkR
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) April 4, 2018
Num regime republicano e democrático, o comandante do Exército não opina sobre decisões do Supremo. Já no Brasil, https://t.co/3UYTdt2L7b
— João Paulo Charleaux (@jpcharleaux) April 4, 2018
Achava que a missão institucional do exército era proteger a gente do Godzilla.
— Chico Barney (@chicobarney) April 4, 2018
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