“Eu acreditava que ele faria sucesso, mas não tão rápido, ainda mais com um time tão limitado”. A frase é de Joaquim Carille, pai de Fábio Carille, mas poderia ser de qualquer corintiano, até dos mais otimistas. O ano sensacional que o técnico do Corinthians festeja é surpreendente até mesmo em sua casa. O título do Campeonato Brasileiro consolida a carreira de um profissional que, segundo amigos do Parque São Jorge, não mudou em nada dos tempos de auxiliar. Está apenas mais experiente.
O jornal ‘O Estado de S.Paulo’ ouviu pessoas próximas ao treinador e o consenso é que a fama e a pressão não mudaram seu jeito de ser. “Carille continua igualzinho, é impressionante. Ele vai atrás dos amigos, vem e fica com a gente como se fosse um qualquer”, contou Dino Pontes, um de seus padrinhos de casamento e também primeiro chefe quando tinha 12 anos e foi ser ajudante em oficina mecânica.
De diferente, apenas a maturidade. “Ele aumentou sua confiança do começo do ano para cá. O Fábio sempre acreditou e respeitou hierarquias, justiça e o ser humano. É uma pessoa que sabe lidar com as críticas. Isso o fez amadurecer muito”, comentou o pai, seu Joaquim.
Em Sertãozinho (SP), cidade onde Fábio Carille foi criado e passou boa parte da infância, ninguém o chama pelo sobrenome. Lá, ele é o Fábio. Reservado, não gosta de falar de futebol quando está longe do Corinthians. “Ficava bravo quando a mãe (dona Vanda) tentava dar palpites na escalação. Mas ela parou com isso. Ele a chamava de Zagalla”, lembrou Joaquim, referindo-se ao eterno técnico da seleção brasileira, Mário Jorge Lobo Zagallo.
Fábio Carille se tornou uma celebridade e passou a defender seus atletas. “Ele não critica ninguém. A gente fala que Fulano é ruim e ele arranja alguma desculpa. O cara está sem ritmo, cansaço ou qualquer coisa assim. Ele é muito parceiro dos jogadores”, explicou Dino.
O Carille do Corinthians e o Fábio de Sertãozinho agem da mesma forma. “Aquilo que você vê na TV é ele de verdade e peço que continue assim”, disse o pai. Justiça, por exemplo, está entre as palavras que ele mais gosta de usar e também de praticar na hora de lidar com o time.
Foi assim que conquistou a confiança dos jogadores e soube administrar as frustrações de quem joga pouco. “Ele sempre me dá força e sei que não jogo muito por causa da fase do Jô, mas fico feliz em saber que ele confia em mim”, afirmou o atacante Kazim
Fábio Carille tem por mérito não desistir de seus jogadores. Entende que recuperá-los faz parte do seu trabalho. Foi assim que Giovanni Augusto e Kazim reapareceram e fizeram gols importantes contra Atlético Paranaense e Avaí nas últimas rodadas.
Tudo aconteceu rápido demais para Fábio Carille neste ano. Desde o início da temporada, o técnico René Simões aplica trabalhos específicos com ele. É uma espécie de psicologia para o treinador ter equilíbrio nos bons momentos e não se desesperar nas crises. O fato é que a liderança de Carille vem desde a infância. Ele era sempre capitão dos times e líder das brincadeiras na escola. Ganhava todo mundo pelos argumentos.
Com apenas 21 anos, era chamado por José Poy (goleiro argentino e treinador do São Paulo) para dar conselhos (e broncas) nos companheiros nos tempos de XV de Jaú, clube em que ele atuou entre 1993 e 1996.
Futuro
Agora campeão brasileiro, Fábio Carille viverá uma nova realidade em 2018. Deixará de ser uma aposta para se tornar técnico cortejado. Junto com a credibilidade também vem uma cobrança maior. “Conversamos sobre isso. Neste ano, ele pegou um grupo limitado, chamado de “Quarta Força”, e foi campeão. Vão esperar mais dele, mas meu filho está preparado”, garantiu seu Joaquim.
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