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Família que fez festa durante a quarentena já tem 3 mortos e 11 infectados

Pandemia ainda estava no início no Brasil e ainda não estava sendo levada a sério pela população

Foto: Arquivo Pessoal

Vera Lúcia Pereira completou 59 anos de idade em março e, no dia 13, decidiu fazer um churrasco e chamar a família para comemorar com ela em Itapecerica da Serra, em São Paulo. O que ela jamais poderia imaginar é que sua celebração acabaria sendo um foco de coronavírus, deixando 14 infectados. Até o momento, 3 já morreram.

Segundo Vera, naquele momento, já se falava sobre o coronavírus – mas tudo ainda parecia algo distante. Ela contou ao jornal ‘Folha de S. Paulo’ que eram poucos casos confirmados no país e nenhum em sua cidade.

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A aniversariante chega a contar que cogitou cancelar as festividades, mas optou por manter pois fazia tempo que a família não se reunia. 28 convidados compareceram.

Também na época, as recomendações de isolamento social já eram citadas, mas ainda não eram veementemente encorajadas pelas autoridades de saúde – que viriam a fazê-lo poucos dias depois da situação.

Festa na quarentena

Poucos dias depois da festa, alguns familiares começaram a apresentar os sintomas: tosse, febre, dificuldade para respirar e diarreia. O marido de Vera Lúcia (Paulo Vieira, 61 anos) e dois irmãos dele (Clóvis, 62 e Maria Salete, 60), tiveram complicações e precisaram ser hospitalizados – os três faleceram por causa da doença.

“Os médicos que os acompanharam disseram ter 99% de certeza de que era Covid-19, pelo quadro clínico deles e pela forma como se deu toda a situação”, explicou Vera, visto que o resultado dos exames ainda não ficou pronto.

“Foi tudo muito horrível. Nós éramos sete irmãos muito unidos. Nos amávamos muito. A vida da família virou um pesadelo. Tenho vivido à base de calmantes. Ainda me pergunto se tudo isso foi real. Acompanhei de perto o sofrimento dos meus irmãos, principalmente o da minha irmã, e não desejo isso para ninguém”, desabafa Maria do Carmo, de 58 anos, uma das irmãs dos falecidos.

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A filha de Maria Salete aproveita o momento de luto para alertar para a seriedade do coronavírus.

“Isso não é uma gripezinha. É uma catástrofe. É um vírus horroroso e muito cruel. Ele pode levar as pessoas muito rapidamente. As pessoas precisam entender a importância de se cuidar, de se isolar e de cuidar dos seus. É fundamental ter mais empatia e respeito com os outros neste momento”, afirma a zootecnista Rafaela Hanae, de 33 anos, única filha de Maria Salete.

Seguindo as recomendações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os enterros aconteceram separadamente, um a cada dia seguinte às mortes, em caixões lacrados, em cerimônias rápidas e com, no máximo, 10 pessoas. Clóvis, por sua vez, havia manifestado interesse em ser cremado e teve o desejo atendido pela família.

Os demais familiares, que também tiveram sintomas, mas sem complicações, já estão se recuperando e seguem em casa, em isolamento. Entre eles, estão a própria Vera Lúcia e um de seus filhos.

Confira uma foto tirada na festa:

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal
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