Maria Bonita e Lampião são dois dos personagens mais marcantes da cultura nordestina do Brasil. Integrantes do Cangaço, eles tiveram uma vida difícil em meio à violência existente no sertão.
Pouquíssima gente sabe, mas o casal deixou uma filha, Expedita Ferreira Nunes, que ainda está viva e hoje tem 90 anos de idade.
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Em 2022, Expedita chamou a atenção por mover um processo judicial contra uma rede hoteleira de Pernambuco na tentativa de proteger a imagem dos pais.
A questão é que a filha do casal cangaceiro viu um motel no agreste pernambucano utilizando o seguinte slogan: “Maria Bonita, acenda o Lampião“.
Como já era de se esperar, ela não gostou nada da propaganda com sentido sexual feita com o nome dos pais dela e decidiu processar a administradora do motel, alegando “uso indevido de imagens para fins comerciais, implicando a posse indevida do patrimônio imaterial dos personagens”.
O Tribunal de Justiça de Sergipe definiu no valor de R$ 8 mil a indenização para a filha de Maria Bonita e Lampião. A administradora do motel defende, no entanto, que é inadmissível o uso exclusivo de pseudônimos ligados à cultura nordestina.
Para Expedita Ferreira Nunes, a frase feita com os nomes de Maria Bonita e Lampião tinha “fins nitidamente comerciais“, o que implica em “posse indevida do patrimônio imaterial das lendárias figuras”.
Diante da questão polêmica, o Tribunal de Justiça ainda levará um tempo para julgar o caso.
Veja uma foto do casal, Maria Bonita e Lampião, forte símbolo da cultura nordestina:
A história de Maria Bonita
Natural da cidade de Paulo Afonso, na Bahia, Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita, possuía uma vida atípica para a época. Aos 15 anos era casada com um primo sapateiro e já se sentia frustrada com a realidade que vivia.
Símbolo de poder e resistência, Maria Bonita entrou para a história após trocar a vida comum de uma dona de casa para se entregar por noves anos ao cangaço ao lado de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião – ou como é mais conhecido: Rei do Cangaço –, com quem casou-se posteriormente.
Como dito anteriormente, Maria Bonita e Lampião tiveram uma filha chamada Expedita Ferreira Nunes, que foi criada posteriormente por amigos vaqueiros de fora do bando, já que lá não era permitido a presença de crianças.
Maria chegou a engravidar outras vezes, mas sofreu abortos espontâneos.
O casal referência quando o assunto é cangaço brasileiro esbanjava muitas joias caras que foram roubadas no sertão pelo Lampião à sua amada e usavam loção francesa para se perfumar, além de possuir punhais luxuosos de prata, marfim e ônix.
Também foram responsáveis pela criação de identidade estética do cangaço, confeccionando peças e bordados que marcaram a década de 1930.
Apesar de ser considerada empoderada e transgressora, Maria estava muito longe de ser feminista. A cangaceira não só ajudou a torturar as vítimas de seu companheiro, como também apoiava o assassinato de mulheres adúlteras.
Além disso, Maria Bonita vivia sob regras do sertão nordestino, que por sua vez possuía o pensamento machista de que mulheres eram coadjuvantes e não sabiam atirar.
Entretanto, o grupo funcionava por divisão de tarefas e funções básicas de uma casa eram obrigações de todos, independente de gênero.
Maria Bonita não resistiu após ser baleada de forma impiedosa no abdômen por policiais no esconderijo do bando, localizado no sertão de Sergipe, e faleceu em 28 de julho de 1938.
Seu marido, Lampião, e outros nove cangaceiros também foram dizimados durante o ataque surpresa.
Seu corpo foi abandonado com as pernas abertas com um pedaço de madeira enfiado na vagina pelos soldados, enquanto sua cabeça – e a dos outros cangaceiros – seguiram caminho rumo a uma exposição pública em Maceió, Alagoas.
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