Maysa Vilela
Mais um capítulo na história que teve início com a morte do apresentador Gugu Libertato em novembro de 2019: os filhos dele, João Augusto, Marina e Sofia quebraram o silêncio e se posicionaram sobre a batalha judicial travada entre a mãe, Rose Miriam di Matteo, e o restante da família.
O ‘Fantástico’, da TV Globo, após ter entrevistado a mãe de Gugu na semana passada, deu espaço para que a médica Rose Miriam di Matteo desse sua própria versão da história neste domingo (9). Ela enviou um vídeo para a atração dominical.
Na mesma reportagem, os jornalistas também leram uma nota oficial assinada pelos filhos deixados pelo apresentador. Esta foi a primeira vez que eles se pronunciaram sobre o assunto e deixaram claro que estão contra a mãe na história.
Os três jovens acreditam que Rose Miriam está sendo influenciada por pessoas que “querem se aproveitar” da situação e que ela está “criando um espetáculo desnecessário”, além de ter desrespeitado o legado deixado por Gugu.
“À vista das últimas declarações postadas na mídia pela defesa de sua mãe, [os filhos] não esperavam e não pactuam deste espetáculo que pretende transformar a mentira em verdade, para desvirtuar os legítimos desejos de seu pai”, diz a nota, que foi escrita pelos advogados da família Liberato.
“[João Augusto, Marina e Sofia] expressam o seu respeito à mãe, mas entendem que ela deveria estar ao lado deles, não contra. Acreditam que, mais cedo ou mais tarde, ela deixará de ser influenciada por pessoas que querem dela se aproveitar. Nem Rose Miriam nem os seus defensores estão autorizados a se apropriar da imagem de Gugu por afrontar judicialmente sua última vontade, desrespeitando o testamento por ele deixado”, continua a nota.
“A ninguém é dado o direito de desrespeitar a pessoa do nosso pai ou a distorcer a vida por nós levada ao longo de sua existência. Temos muito orgulho da conduta de nosso pai e de tudo que ele construiu. Seguiremos em frente, sem ele, mas dentro dos seus ensinamentos”, finalizam João Augusto, 18 anos, e as gêmeas Marina e Sofia, 16.
A versão de Rose Miriam
Após uma entrevista em que a mãe Gugu garantiu com todas as letras que o filho e Rose Miriam “nunca tiveram nada”, a médica ganhou o direito de resposta. Ela enviou um vídeo ao programa.
“Às pessoas que disserem que nós não éramos uma família, eu gostaria que entendessem que estão cometendo um grave erro. Nós fomos muito felizes durante esses 20 anos. Tivemos, claro, os nossos altos e baixos, como qualquer casal tem”, disse ela.
“Eu e o Gugu, a quem eu chamava de anjo, nos conhecemos muito jovens, em 1983. Namoramos um tempo e depois eu fui fazer minha faculdade de Medicina. Em torno de 2000, nós nos reencontramos para constituir uma família, filhos, pai, mãe, esposo, esposa, companheiro, companheira. Gugu sempre dizia: ‘Rose, quando chegar a high school vamos para os Estados Unidos, vamos criar as crianças lá, nós vamos ser muito felizes’. E assim nós viemos para cá”, ela relembra.
“Vivemos nos últimos cinco anos muito felizes. Mas tragicamente Gugu se foi no dia 20 de novembro do ano passado. O que resta é guardar essa lembrança de um homem virtuoso, de um homem íntegro. Quero aproveitar esse vídeo para agradecer a todas as pessoas que estão me apoiando nas últimas semanas. Beijos, fiquem com Deus”, concluiu a médica.
Assista ao vídeo enviado por ela:
A batalha pela herança de Gugu
Após a trágica morte do apresentador Gugu Liberato, um testamento assinado em 2011 dividiu sua herança – estimada em 1 bilhão de reais – em 75% para seus três filhos e 25% para seus cinco sobrinhos.
Ao ver que não havia recebido nada, a mãe dos filhos de Gugu procurou um advogado e iniciou um processo para reconhecimento de sua união estável com o apresentador. Se a união for reconhecida, Rose passa a ter direito a 50% dos bens.
A médica enviou ao seu advogado 20 anos documentados em fotos para compor o processo. Viagens, a gravidez de seus três filhos, férias, cenas românticas em revistas de celebridades e até recados enviados a ela por Gugu. Tudo isso será usado na tentativa do reconhecimento da união estável existente entre os dois.
Os advogados da família Liberato afirmam que Rose Miriam e Gugu não eram um casal. A Justiça vai analisar o mérito da relação entre eles para saber se eles tinham ou não uma relação estável e, consequentemente, se ela tem direito a metade dos bens do artista falecido.
Um polêmico documento
Em uma ação paralela, Rose Miriam havia ganhado, em primeira instância, o direito de receber uma pensão mensal no valor de R$ 100 mil. Contudo, a decisão foi cassada e, em liminar (decisão temporária), foi determinado que sejam pagos à médica a quantia de US$ 10 mil por mês, cerca de R$ 43 mil. Esse dinheiro será usado para a manutenção da casa da família em Orlando, nos Estados Unidos.
O que fez a justiça derrubar a decisão do pagamento da pensão mensal foi a divulgação de um documento assinado por Rose e Gugu em 2011. Trata-se de um “compromisso conjunto para criação de filhos”. O documento diz que “por meio de inseminação artificial […] tiveram três filhos”.
Também diz que “os pais apenas vinculam-se por respeito e amizade, ligados somente como pais”, que “pai e mãe sempre habitaram em residências separadas” e que Gugu arcaria com “todas as despesas”, depositando mensalmente um valor na conta do irmão de Rose, Gianfrancesco di Matteo.
O mesmo irmão que, após a morte do apresentador, teria se instalado na casa da família e, no último sábado (8), foi obrigado a deixar o imóvel. Tudo isso depois do filho mais velho de Gugu, João Augusto, procurar um advogado nos Estados Unidos.
O tal documento termina dizendo que Gugu e Rose “declaram-se plenamente satisfeitos, mantendo e conservando, isoladamente, sem qualquer participação ou ingerência do outro, os seus próprios bens”.
O advogado de Rose Miriam di Matteo, Nelson Wilians nega que o documento inviabilizaria o pedido de união estável. Para ele, em nenhum momento, Rose renuncia o direito de união estável – e nem Gugu expressa sua vontade à renúncia.
Nelson afirmou, ainda, que Rose assinou o documento enquanto enfrentava uma depressão profunda. Além disso, naquele momento, o casal estava rompido. “Ou seja, o documento, na verdade, estabelece formas de criação dos filhos”, diz.
Questionado se eles estariam juntos apenas para ter filhos, o advogado diz que não. “Esse documento não fala isso. Aquele documento é como se fosse um término de relacionamento. Porém, logo depois, reata o casal. Quantos casais não brigam, saem de casa, depois reatam?”, afirmou.
Segundo especialistas, para se reconhecer uma união estável não é preciso viver junto e nem ter sexo.
“A união estável tem que ser duradoura, tem que ser pública, tem que ser contínua e tem que ter o objetivo de constituir família. A filiação, por si só, não comprova existência de uma relação de união estável, então, é possível que a gente tenha filhos sem ter família!”, afirmou João Ricardo Brandão Aguirre, presidente da Comissão de Direito de Família e Sucessão da OAB-SP ao ‘Fantástico’.
Advogado especializado em direito de família, Paulo Lins e Silva concorda. “Eu acho estranho dois amigos criar filhos juntos. É uma união estável. Ninguém tem filho sem ter afeto. Não, eu resolvi ter filho por esporte. Isso não existe”, opinou.
Para o advogado de Rose não há a menor dúvida. “A Rose não é uma pessoa gananciosa. Rose busca uma coisa: reconhecimento. Reconhecimento de uma vida dedicada à família”, finalizou.
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