Um laudo do Instituto de Criminalística (IC), da Polícia Civil de São Paulo, apontou que a morte do adolescente João Victor Souza de Carvalho, de 13 anos, no dia 26 de fevereiro, em uma unidade do Habib’s na zona norte da capital paulista, foi provocada por uma parada cardiorrespiratória em decorrência do uso de lança-perfume.
Segundo o exame, a “morte ocorreu de forma súbita e teve origem cardíaca relacionada ao uso de entorpecentes e substâncias ilícitas“. Além disso, o laudo determina “a ausência de lesões ou sinais de hemorragia em região cervical”. Isso descarta, em tese, o indício de que ele teria morrido após uma agressão, apesar das escoriações encontradas no corpo. A Polícia Civil tinha aberto inquérito para investigar se o garoto foi morto após apanhar ou se teve um mal súbito. “A calota craniana também não apresentou fraturas”, afirma o documento do IC.
Danilo Vivas, médico legista responsável pelo documento, atestou a causa mortis como sendo “cardiopatia precipitada e agravada por uso de substâncias entorpecentes / ilícitas”. No laudo, consta a informação de que o “exame evidenciou presença de cocaína na concentração de 38 mg/ml”, o que sugere uso crônico de análogos da droga. Também foram detectados tricloroetileno e clorofórmio, “substâncias miocardiotóxicas e estão associadas à morte súbita de origem cardíaca”.
Ainda de acordo com o exame, João Carvalho teve convulsão e falta de oxigenação decorrente de um infarto.
Entenda o caso
De acordo com a polícia, o garoto de 13 anos se envolveu em uma confusão no estabelecimento comercial, localizado na Avenida Itaberaba. Segundo funcionários da rede, ele pedia esmola e ameaçava quebrar os vidros da lanchonete e de carros de clientes com paus.
Em depoimentos feitos à polícia, uma catadora de material reciclável e um motorista de ônibus afirmaram terem visto o menino ser agredido agredido por um gerente e um supervisor do Habib´s. Os dois funcionários aparecem nas gravações das câmeras de segurança, arrastando o garoto pelos braços pela rua ao lado e deixando-o na calçada da lanchonete, aparentemente inconsciente. Segundo o delegado Antonio Celso Berna Peduti,em entrevista à revista Veja, “o laudo é categórico ao dizer que não houve agressão”. O delegado também atestou que “não houve homicídio” no caso.
Em entrevista ao G1, Ariel de Castro Alves, advogado e coordenador da Comissão da Criança e do Adolescente do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos de São Paulo), disse que, apesar do laudo apontar o uso de drogas, a conduta dos funcionários ainda precisa ser averiguada. “Ainda é necessário se apurar de que forma essas supostas agressões e perseguição de funcionários do Habib’s podem ter contribuído para a morte do menino”, disse Alves.
Na sexta-feira (3), por meio de nota, o Habib’s informou que os funcionários envolvidos no caso foram afastados até o fim da investigação policial. A lanchonete ainda informou, através de sua assessoria, que repudia todo e qualquer ato de violência.
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