A apresentadora e influenciadora digital Geisy Arruda viralizou no Brasil em uma época que a palavra nem existia ainda. Em 2009, em 22 de outubro, ela foi humilhada, hostilizada e perseguida ao chegar na faculdade com um vestido curto cor-de-rosa.
Na época, ela era estudante de turismo na Uniban, na cidade de São Paulo. A jovem precisou ser retirada da instituição sob escolta policial.
Agora, em entrevista ao portal ‘G1’, ela relembra a lamentável ocasião no aniversário da data: “O dia mais importante e mais triste da minha vida”, pontua ela, atentando para o fato de que a história acabou transformando sua vida para sempre. “Hoje vivo da fama que me deram e vivo muito bem”, diz ela.
“Se você tem a oportunidade de ter um futuro melhor, uma vida melhor, você vai viver sempre ali na lama se rastejando? Se isso for ser oportunista, eu sou uma baita de uma oportunista sim. Continuo me vestindo como eu quero, como sempre fiz. Nunca me importei com a opinião das pessoas e agora muito menos”, comenta Geisy Arruda, que soube utilizar a situação a seu favor e se colocou na mídia com o status de subcelebridade “permanente”.
Nos dias de hoje, além de ser apresentadora na RedeTV!, Geisy conseguiu acompanhar a evolução tecnológica e também tem uma boa base de seguidores nas redes sociais. Ela chegou a posar nua duas vezes para a revista ‘Sexy’, fez trabalhos como modelo, repórter de TV e atriz e publicou um livro sobre sua história.
Geisy Arruda contou ao ‘G1’ que se lembra com detalhes daquele fatídico dia. “Era uma quinta-feira comum, dia de balada. Fui para a faculdade com roupa de balada. Quando eu cheguei, recebi assovios e olhares, mas até então nada incomum, eu era muito paquerada. Mas na hora do intervalo, houve uma grande comoção. Todos foram para a frente da minha sala e começaram a me ofender. Me chamaram de p*ta e v*dia”, relembra.
O vídeo em que Geisy era cercada por centenas de estudantes que a vaiaram e xingaram repercutiu intensamente em todo o Brasil da época.
Relembre:
“Todos nós ficamos apavorados [colegas de sala]. Colocamos cadeiras e mesas na porta porque queriam arrombar a porta e colamos folhas de papel de caderno no vidro porque estavam filmando. Eu chorava muito e me perguntava porque aquilo estava acontecendo. Meu professor chamou a polícia e eu saí de lá escoltada por 5 policiais dentro de uma viatura”, contou.
A Uniban piorou a situação: expulsou Geisy Arruda sob o argumento de “desrespeito à moralidade e à dignidade acadêmica”. Com tamanha repercussão, decidiram voltar atrás, mas era tarde demais. A aluna processou a instituição por danos morais e recebeu R$ 40 mil de indenização. Ela não quis voltar a estudar lá.
“Eu me culpei por muito tempo. Eu tentava refazer meus passos para descobrir onde errei. Pensava que se estivesse com uma calça jeans, uma roupa mais comportada ou com menos maquiagem talvez eu tivesse sido poupada. Demorei muito para aceitar que eu não era a culpada e sim a vítima. Eu só percebi isso quando eu tive apoio da imprensa e quando eu vi feministas na frente da faculdade me defendendo. Vi que não estava sozinha”, lembrou Geisy.
Deixe seu comentário