Redação
A jornalista Cecília Flesch, apresentadora que estava à frente do programa ‘Em Ponto‘ na GloboNews, foi desligada da emissora nesta terça-feira (13).
O motivo? Comentários controversos em um podcast chamado ‘É Noia Minha?’, em que ela brincou, comparando a rotina dos bastidores do canal com o uso do ansiolítico Rivotril.
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A declaração em tom supostamente humorístico, feita em abril, só ganhou os holofotes na última segunda-feira (12).
A Globo confirmou o desligamento de Cecília ao ‘Notícias da TV’, justificando o movimento como uma tentativa de dar um novo ar ao programa ‘Em Ponto’, visando mais dinamismo.
O desempenho insatisfatório do jornal apresentado por Cecília também influenciou na decisão.
Diante da situação, a jornalista manteve a serenidade, resumindo: “Tudo tranquilo, mesmo. Agora é tocar a vida“.
Enquanto o programa passa por essa fase de reformulação, Bete Pacheco assume interinamente. Em seguida, Mônica Waldvogel, antes comentarista, assumirá a função de âncora no ‘Em Ponto’, ao lado de Tiago Eltz.
Já o programa vespertino GloboNews ‘Mais’ será comandado unicamente por Julia Duailibi.
Polêmicas da jornalista
A atmosfera nos bastidores estava tensa. As declarações de Cecília Flesch não foram bem recebidas pela maioria dos colegas, embora alguns tenham defendido a jornalista.
Eles argumentam que as palavras foram tiradas de contexto, pois o podcast ‘É Noia Minha?’ tem um tom descontraído, semelhante a uma conversa de bar, e que suas críticas foram brincadeiras, não deveriam ser levadas ao pé da letra.
Outros destacaram que o podcast em questão foi ao ar em 27 de abril no Spotify, sugerindo que a recente repercussão é uma tentativa de sabotar Cecília nos bastidores.
“Ela estava sem filtro e o seu jornal vai mal na audiência, mas também foi vítima de uma grande fritura”, comenta uma colega na GloboNews, que pediu para não ser identificada.
No podcast, Cecília revelou que o apelido interno para a GloboNews é ‘RivoNews’, um trocadilho com o medicamento Rivotril, devido ao estresse da rotina jornalística.
Rivotril é a marca mais conhecida do Clonazepam, um tranquilizante usado para prevenir e tratar convulsões, transtorno do pânico, transtornos de ansiedade e outras questões.
As críticas mais contundentes vieram quando a jornalista expressou frustração por cobrir apenas política e economia e admitiu fazer perguntas enquanto jogava online, uma tática que, segundo ela, auxilia na concentração.
Em julho de 2022, a jornalista trocou o Rio de Janeiro, sua terra natal, por São Paulo para ancorar o jornal, mudança que, segundo ela, foi mais favorável do que sua função anterior na Globo, quando era chamada para substituir apresentadores de última hora.
A respeito da mudança de rotina, Cecília disse no podcast: “Eu pedi para ter uma rotina para os meus chefes. Eles falaram: ‘Agora vou te dar uma rotina. Agora você vai começar às 3h‘”.
Ela observou que o ambiente de trabalho em São Paulo é menos caótico do que no Rio: “Foram 16 anos na redação no Rio de Janeiro, onde a cada cinco palavras, três são palavrões […] Aqui as pessoas são mais sérias, mais caladas, e tudo bem”, concluiu.
Leia a íntegra do comunicado da Globo sobre a demissão de Cecília Flesch:
“Após 17 anos de frutífera colaboração, Cecilia Flesch deixou hoje de fazer parte dos quadros da GloboNews. Em reunião com ela no Rio na tarde de hoje, a direção do canal pôde agradecer a ela pelos anos de dedicação. O ‘Em Ponto’ terá como apresentadores Mônica Waldvogel e Tiago Eltz, com estreia prevista para os próximos dias. Até lá, o telejornal será apresentado interinamente por Bete Pacheco”.
Despedida de Cecília Flesch
Cecília Flesch se despediu dos colegas por meio de um e-mail íntimo. Ela destacou que, embora a demissão seja um momento difícil, se sente tranquila sabendo que sempre deu o melhor de si no trabalho.
Na mensagem de despedida, ela escreveu: “O que fica são os contatos, os amigos e os irmãos, e claro, todo o aprendizado e o crescimento. Saio ‘maior de idade’ desse lugar onde eu já andava de chinelo e gritando, achando que estava em casa”.
A jornalista recordou a jornada em São Paulo, para onde se mudou há exatamente um ano. A mudança de cenário foi reveladora para ela, marcada por desafios que fortaleceram seu caráter e amizades que se tornaram preciosas.
“Quando cheguei em São Paulo há exato um ano, descobri que existe muito mais coisa do que ‘a casa dos pais’. E também tomei umas bordoadas que me deram uma casca ainda maior. E fiz mais amigos”, escreveu Cecília.
A ex-âncora do ‘Em Ponto’ exibiu orgulho pelo jornal, um espaço que se tornou verdadeiramente seu.
“E cheguei onde queria. Saio deixando o meu jornal. O ‘Em Ponto’ foi do [José Roberto] Burnier, passou pela Julia [Duailibi], mas se tornou o meu jornal, eu sei”.
Flesch ainda destacou momentos divertidos e singulares, como a previsão do tempo ao som de sapateado e risadas após as partidas do Flamengo.
Mesmo diante de uma rotina desafiadora, levantando às 2h15 da manhã, Cecília assegurou que se divertia ao exercer sua função.
“Foi divertido, mesmo acordando às 2h15, acreditem. Quando eu vestia a ‘fantasia’ e entrava no ar, eu só me divertia. Eu amo fazer isso, vocês sabem”.
Ela também deixou conselhos inspiradores para os colegas, encorajando-os a ir além dos limites da emissora e acreditar em seus próprios talentos.
“A Globo é uma escola. Mas, se conseguir, se a vida permitir, faça mestrado, doutorado, pós-doc em outros espaços. Se você acredita mesmo que é capaz de fazer uma coisa. Insista. Por mais que te digam que você é fraca e sem carisma, insista. Um dia essa mesma pessoa pode te dar um abraço apertado, dizer que você é uma grande profissional e que sua resiliência vale ouro”.
Por fim, Cecília pediu que os colegas ouvissem o podcast no qual fez comentários sobre a Globo em tom de brincadeira, provavelmente para entenderem melhor o contexto de suas palavras.
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