Bruno de Melo Silva Borges, de 24 anos, está desaparecido desde segunda-feira passada (27) e o caso ganhou repercussão nacional com a publicação de um vídeo não autorizado mostrando o cenário encontrado no quarto do jovem. Estudante de psicologia, Bruno foi visto pela última vez durante um almoço de família às 14h, na cidade de Rio Branco, no Acre. No cômodo, foram encontrados 14 livros criptografados escritos à mão por ele mesmo, paredes cobertas por mensagens, símbolos gnósticos e uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600) orçada em R$ 7 mil.
Em entrevista ao G1, a psicóloga Denise Borges, mãe de Bruno, contou que ela e o marido viajaram durante mais de 20 dias, período utilizado pelo estudante para fazer as modificações no quarto. Na segunda-feira (27), quando retornaram, o pai dele, o empresário Athos Borges, percebeu o desaparecimento ao entrar no cômodo, que não possuía mais os móveis comuns, como a cama.
Também em entrevista ao portal, a irmã mais velha de Bruno, Gabriela Borges, contou que não entrou no quarto durante a viagem dos pais para não ferir a privacidade do jovem. Além dela, Rodrigo Borges, irmão gêmeo de Bruno, também estava na residência durante a ausência de Denise e Athos.
Financiamento
Ainda de acordo com a entrevista cedida ao G1, Denise afirmou que o filho trabalhava no projeto pessoal há algum tempo e havia pedido ajuda financeira para custear a produção. A mulher propôs financiar os livros caso a temática fosse compartilhada com ela, mas ele não aceitou. Após alguns encontros e debates sobre os livros, o médico oftalmologista Eduardo Veloso, primo de Bruno, decidiu custear a produção dos livros e transferiu a quantia de R$ 20 mil para a conta de Bruno.
A família descreveu o jovem como um estudante voraz, com alta capacidade intelectual e sem problemas psicológicos. Nesse momento, além das buscas por Bruno, a família procura um especialista que possa decifrar os escritos, na esperança de que eles apontem o paradeiro do estudante.
Códigos decifrados
Os livros criptografados foram recolhidos Polícia do Civil do Acre, que também está investigando o caso, que segue em sigilo. De acordo com o coordenador da Delegacia de Investigação Criminal (DIC), o delegado Fabrizzio Sobreira, todas as possibilidades estão sendo consideradas.
Apesar disso, imagens do quarto e dos livros foram veiculadas na internet sem a autorização da família, chamando a atenção dos internautas. Igor Rincon, diretor da Antecipe, plataforma de gerenciamento de vulnerabilidades, e Renoir dos Reis, líder de desenvolvimento, resolveram decifrar o conteúdo presente na página de um dos livros. Eles criaram o site “Decifre o Livro” para publicar o que conseguiram desvendar até agora e ajudar a descriptografar outras páginas que venham a surgir.
Em entrevista ao site TecMundo, Igor Rincon falou sobre o processo inicial dessa descriptografação. “”Eu achei o texto na internet. Encontrei o ‘700’ e, como é um número grande, deduzi que ‘LO’ seria referente à ‘AC’ ou ‘DC’. Atrás da data, tentei deduzir as palavras que são mais comuns quando se refere à um texto antigo e, então, encontrei os padrões”, disse.
Os dois colocaram os caracteres criptografados sobre um teclado físico para tentar compreender o padrão de criptografia utilizado por Bruno Borges. Como o restante dos livros não foi disponibilizado ao público e seguem sob a guarda da polícia, a dupla só conseguiu usar essa metodologia na página publicada na internet.
Leia o texto descriptografado por Igor Rincon e Renoir Reis:
“Caminho difícil
Por milhares de anos o ser-humano vem tentando encontrar respostas para perguntas como “qual o sentido da vida”? A filosofia que ao que tudo indica, parece ter se iniciado com Tales de Mileto em meados de 700 A.C. visa encontrar vestígios de perguntas sem respostas. A pesquisa profunda pela verdade absoluta advém da filosofia, e quando falamos a respeito de caminhos fáceis ou difíceis estamos nos referindo a esse tipo de teorema.
É fácil aceitar o que desde criança te ensinaram que é errado. Difícil é quando adulto, entender que te ensinaram errado o que desde criança você suspeitou que fosse correto. Em outras palavras, se você se enquadra em algum cujos estímulos do meio lhe determinaram certo comportamento, fazendo com que estivesse a mercê de crenças já providas e bem estabelecidas em dogmas e rituais, com uma massa concentrada de pessoas nela; ou permitindo-o ficar no conformismo, aceitando o conceito de felicidade e de sentido da vida embutido pela mídia e pela sociedade, então claramente você faz parte do caminho fácil para a busca pela verdade absoluta.
Acaso se enquadre na segunda opção, ou seja, aquele que suspeitava de todo conjunto de crenças que lhe foi enraizado, então este tem tudo para ser um investigador da veracidade nas coisas ao seu redor, entrando em um caminho mais complicado, no qual uma minoria se arrisca ou enfrenta com bravura”
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