A jornalista Izabella Camargo, de 37 anos, foi demitida pela TV Globo na última segunda-feira (5) após seis anos na emissora. A notícia chocou a profissional, os colegas e a imprensa, visto que ela tinha acabado de retornar de uma licença médica.
Izabella desenvolveu uma doença conhecida como Síndrome de Burnout, o ponto máximo do estresse profissional. O aparecimento da doença é diretamente relacionado às atividades que ela realizava na emissora.
“Estou sendo punida por ter ficado doente, com uma doença funcional, e os laudos provam isso. Foi um susto. Esperava qualquer coisa, menos ser demitida”, disse Izabella em uma entrevista ao site ‘Notícias da TV’.
Após ouvir vários médicos, Izabella tem certeza que a doença foi adquirida pelo fato de ter trabalhado de madrugada na maior parte do tempo que esteve na Globo. “O turno da madrugada vai te dando um déficit celular. Trabalhar em horário especial descompensa os órgãos”, contou.
Izabella apresentava a previsão do tempo no ‘Hora 1’ e no ‘Bom Dia Brasil’, desde 2014. Além disso, ela substituía a titular do ‘Hora 1’, Monalisa Perrone, quando era necessário. Ela também substituía César Tralli e Carlos Tramontina nos telejornais de São Paulo.
“Em agosto de 2017, meu corpo começou a apresentar problemas”, lembra. Ela teve depressão e crises gastrointestinais e circulatórias. Os médicos aconselharam que ela pedisse aos chefes para fazer “trocas intertemporais” – trabalhar em outros turnos durante um período de tempo.
Além de não ter seu pedido atendido, ganhou ainda mais trabalho. Em agosto de 2018 passou a apresentar a meteorologia em mais um programa, o ‘Em Ponto’, da GloboNews. Ao mesmo tempo, o ‘Hora 1’ dobrou sua duração, passou a entrar no ar às 4h.
A jornalista chegava à emissora todo dia às 3h e entrava 4 vezes por dia no ‘Hora 1’. Depois ia para a GloboNews, onde chegava a ficar 20 minutos falando sem parar no ar. Por fim, entrava no ‘Bom Dia Brasil’.
Na metade deste ano, com as novas rotinas sendo implantadas, seu quadro de saúde piorou. “Comecei a sentir taquicardia, a ter crises de choro, crises nervosas, sintomas de esgotamento”, conta. No dia 14 de agosto veio o auge: ela teve um apagão em pleno ar, enquanto conversava com José Roberto Burnier.
“Estava falando do tempo nas capitais e não conseguia lembrar de Curitiba. Só falava ‘no Paraná, no Paraná, no Paraná’, até que o Burnier falou Curitiba. Não lembrava da capital do meu Estado”, lembrou. Nesse dia, o médico ordenou uma licença para tratar a doença.
“Tinha medo de não conseguir organizar as ideias e interagir com o apresentador porque, enquanto eu devia organizar as ideias [nos intervalos do Hora 1], tinha que preparar outro jornal”, afirma. “Percebi que o que estava acontecendo comigo era muito grave. Você não saber quem é, pra onde vai, isso é muito incapacitante”.
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