Após ser agredida pelo namorado, a vendedora Carla Regina Januário, de 29 anos, moradora de Votuporanga, interior de São Paulo, postou fotos do rosto inchado e denunciou as agressões em rede social.
O objetivo, segundo ela, é dar um “basta” às agressões pelos companheiros e incentivar outras mulheres que enfrentam a mesma violência. “Se você, mulher, estiver passando por isso, é hora de acordar”, escreveu. A postagem foi feita na terça-feira (14) e, na tarde de domingo (19), tinha 4 mil curtidas e 415 compartilhamentos.
Após as agressões, Carla procurou a Polícia Civil e denunciou o namorado. O rapaz, de 25 anos, foi ouvido e liberado em seguida, o que a motivou a usar sua página no Facebook para um desabafo.
“E assim termina a realização do sonho de dividir o mesmo teto com a pessoa que você ama, seus sonhos, suas conquistas e até seus defeitos. Você fica sem chão, não sabe o que fazer e se pergunta o por que de tudo isso estar acontecendo”, escreveu. E acrescentou: “Por vezes (você) perde até a vontade de viver. Se sente um lixo, um nada. Uma dor profunda, que dói na alma.”
Segundo Carla, o relacionamento já durava dois anos e há quatro meses os dois decidiram dividir o mesmo teto. Na terça à noite, eles tinham ido a uma pizzaria e voltavam para casa quando a gasolina do carro acabou. O casal começou a discutir e o rapaz passou a agredi-la com socos no rosto.
A vendedora saiu do carro e correu pela rua pedindo ajuda. Duas mulheres a socorreram e acionaram a Polícia Militar. Os policiais foram atrás do agressor e o localizaram.
No plantão da Polícia Civil, ele foi orientado pelo advogado a ficar em silêncio e recebeu voz de prisão por ameaça e lesões corporais. Como os crimes são afiançáveis, o delegado Rogério Montoro fixou a fiança em um salário mínimo e o namorado acabou sendo liberado após o pagamento.
A jovem foi medicada numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e passou por exame de corpo de delito. Ela sofreu ferimentos no olho, nos lábios e escoriações na face. O laudo ainda será encaminhado à polícia para dar sequência ao inquérito pelos crimes de ameaça e lesões corporais.
A Justiça deferiu medida protetiva que impede o rapaz de se aproximar de Carla. A jovem voltou a morar com os pais, em Valentim Gentil, cidade próxima a Votuporanga. Procurada, a defesa do agressor informou que não se manifestaria.
Na página de Carla, muitas mulheres se solidarizaram com ela. “Parabéns por ter a coragem de denunciar. São tantas mulheres que apanham e infelizmente não têm essa coragem”, escreveu uma mulher.
“Revoltante, e pra piorar, estamos sós. Apesar de dizerem que sim, não, não existe justiça, a mulher não está protegida. O agressor muitas vezes nem sequer dorme na cadeia”, postou outra.
“Deus está te livrando do que poderia ser pior”, dizia outro comentário. “Te desejo força para superar isso! A Justiça divina não falha e dela ninguém consegue fugir. Fica bem!”, escreveu mais uma mulher.
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