Uma jovem de 19 anos diz ter sido atacada por três homens e teve a barriga marcada com traços semelhantes aos de uma suástica – símbolo do nazismo – na noite de segunda-feira (8), no bairro Cidade Baixa, na região Central de Porto Alegre.
Segundo o delegado responsável pelo caso e a advogada da jovem, ela teria sido vítima de homofobia em razão de um adesivo com a bandeira do arco-íris na mochila que usava quando foi atacada e pelos xingamentos proferidos pelos agressores durante a ação. O caso ganhou repercussão nas redes sociais na última quarta-feira (10).
Responsável pelo caso, o delegado Paulo César Jardim, considerado especialista em investigações de células neonazistas no Rio Grande do Sul, disse não reconhecer uma suástica no ferimento no corpo da vítima. “Eu não vi uma suástica. Ali, o que tem é um símbolo antigo, milenar, budista, que foi historicamente corrompido”, disse. Questionado pela imprensa se não seria contraditório usar um símbolo budista em uma agressão, o delegado voltou a negar. “Aí vamos partir do ‘se’, da adivinhação…”, disse.
Em razão de a jovem não querer levar adiante a representação criminal, o delegado afirmou que a investigação está “temporariamente suspensa”.
A vítima, que não teve o nome revelado, relatou em depoimento que voltava do curso pré-vestibular na segunda-feira à noite quando, após descer do ônibus, foi seguida por três homens. Segundo o delegado, ao verem a bandeira do arco-íris com a inscrição “Ele Não” – em referência ao movimento de mulheres contra Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República – os agressores passaram a xingá-la com “palavras homofóbicas”. Ao responder, ela teria sido agredida com socos e segurada por dois deles, enquanto outro marcava o símbolo em sua barriga com um objeto perfuro-cortante.
“Foi um crime fundamentado na homofobia”, afirmou a advogada da jovem, Gabriela Souza. Segundo a defensora, a vítima não quer dar prosseguimento para uma representação criminal e fez o boletim de ocorrência “apenas para ter uma segurança jurídica em função da publicação nas redes sociais”. O boletim de ocorrência foi registrado na terça-feira, dia seguinte ao fato. O delegado confirma a versão. “Eu, a advogada e ela não temos dúvida de que foi crime de homofobia”, disse Jardim.
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