Através de sua conta no Facebook, a estudante Dandara Tonantzin Castro, de 23 anos, fez um longo relato contando sobre um episódio de racismo durante uma festa de formatura em Uberlândia, Minas Gerais. De acordo com a jovem, que estava na casa de festas Palácio de Cristal, ela utilizava usava um turbante e sofreu agressões de um grupo incomodado com a escolha do acessório.
Dandara, que é representante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), registrou queixa por racismo contra os suspeitos numa delegacia de Uberlândia.
Na publicação feita na rede social, a estudante relatou que foi agredida já no fim da festa de formatura de Engenharia Civil da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). “Já do lado de fora um cara branco puxou meu turbante forte. Disse para ele soltar e saí. Quando passei por ele novamente, sozinha, ele puxou pela segunda vez, fiquei tão brava que gritei para ele não tocar no meu turbante. Ele acenou para os amigos virem. Quando juntaram em uma rodinha, um deles puxou o turbante da minha cabeça e jogou no chão. Quando fui catar, incrédula do que estava acontecendo, jogaram cerveja em mim. Muita cerveja. Fiquei cega, saí desesperada para achar meus amigos. Sabia que se ficasse ali poderia até ter mais agressões físicas”, explicou Dandara.
No relato, a estudante contou que foi atrás dos seguranças para pedir ajuda e eles retiraram os rapazes da festa. “Um deles teve a cara de pau de falar ao segurança que não meu agrediu “só tirei aquele turbante da cabeça dela”. As namoradas (todas brancas) vieram pra cima de mim. Tentei explicar que era racismo, o cinismo prevaleceu e sem êxito sai de perto. Ficaram de cima dos seguranças pedindo para me tirar da festa também, como se a minha presença fosse um problema. Meus amigos ainda tentaram conversar mas o ódio cega. Quando fui no banheiro ainda tive que ouvir ameaças indiretas, sobre me bater e outras coisas terríveis que não consigo nem dizer aqui. Fomos os últimos a sair por medo de fazerem alguma coisa conosco do lado de fora.”, escreveu.
Afirmando que as lágrimas molhavam a tela do celular, Dandara finalizou o texto falando sobre a crueldade do racismo. “Negros na formatura? Na limpeza, segurança ou servindo. Me mantive forte muito tempo. Mas o racismo é cruel. Minha lágrimas estão molhando muito a tela do celular, só de pensar que estes e tantos outros passaram impunes. Tenho muito orgulho de ter formado um preto, pobre vindo do interior como o Filipe Almeida, seguimos com a certeza de que vamos resistir.”
A publicação já conta com mais de 60 mil reações e já recebeu cerca de 10 mil comentários. A maioria dos usuários deixou mensagens de apoio e empoderamento para Dandara. “Pessoas pobres de espírito, sem coração e sem educação!!! Ainda vão aprender muito nessa vida!!! Somos todos irmãos!!!”, escreveu uma internauta. “Vai ter preto formando sim!! E se reclamar vai ter mais e mais. Sei que o racismo dói e temos que nos unir por que juntxs somos mais fortes.”, disse outra.
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