Maysa Vilela
Em 2013, Marina Ruy Barbosa interpretou a personagem Nicole na novela ‘Amor À Vida’, no horário nobre da TV Globo, escrita por Walcyr Carrasco. Na época, uma polêmica envolvendo a atriz e o autor acabou surgindo e gerando muito burburinho.
Marina teria se negado a raspar a cabeça, o que seria imprescindível para trazer verdade à história de Nicole, que lutava contra o câncer. Agora, tanto tempo depois, os dois decidiram se pronunciar pela primeira vez sobre o assunto e cada um contou sua versão da história.
Não é segredo para ninguém o amor que Marina tem por seu cabelo, que é ruivo natural e sempre foi admirado por todos. As pessoas sempre falaram sobre a beleza das madeixas da atriz e, quando este assunto surgiu, os fãs de Marina e internautas, em geral, ficaram ansiosos em ver se Marina realmente teria coragem de ficar careca por sua personagem.
Na ocasião, segundo o autor da novela, assim que aceitou fazer o papel, Marina tinha dito que rasparia a cabeça. Ao mudar de ideia, de última hora, ele precisou mudar também os rumos da história e a única solução encontrada por ele foi matar Nicole, a personagem de Marina.
Nesta semana, entretanto, após oito anos, Walcyr Carrasco falou sobre a polêmica em uma entrevista: ele admitiu que decidiu matar a personagem depois que ela teria desistido de raspar os cabelos (leia a fala completa ao final do texto).
Marina, por sua vez, não conseguiu ficar calada e decidiu explicar seu lado da história, rebatendo as afirmações do novelista.
No Twitter, ela afirmou que as pessoas dizem mentiras sobre o assunto. “Depois de oito anos, ainda esse assunto. Nunca falei sobre isso e sei que o que não faltam são histórias bem distantes da verdade”, iniciou ela.
Marina admitiu que realmente “desistiu” de raspar a cabeça para a novela. “Aproveitando a fala do Walcyr, ‘desisti’ pois o que tinha sido combinado e dito para mim sobre a história, sobre a personagem, não foi feito”, afirmou.
Segundo Marina, ela nunca teve contato direto com o autor da novela. “Uma pena que na época não tive ‘acesso’ e não pude falar diretamente com o autor. Nunca os falamos, nem no momento em que fui chamada pra novela, durante o trabalho ou depois de tudo. Uma pena não ter tido a chance de conversar e entender o que se passava na cabeça do Walcyr”.
A atriz disse que não rasparia a cabeça só por “sensacionalismo”. “Do lado de cá, com as informações que eu tinha, de uma coisa estava certa: como atriz, não queria só o sensacionalismo. E como menina/mulher aos 17 anos, só valeria à pena se fosse pra tratar da doença com muito respeito e atenção, e fazer uma ação social sobre câncer linfático”, afirmou Marina. “Não foi uma decisão irresponsável, muito menos leviana”.
Ela afirmou, ainda, que conversou com a direção da TV Globo e eles chegaram juntos à decisão de não raspar o cabelo. “Após uma longa conversa com a direção da emissora da época, chegamos juntos a essa conclusão, de que não fazia sentido pela forma como tudo estava sendo tratado”.
Ao final de sua fala, Marina ressalta que, oito anos depois, muita coisa mudou – e termina elogiando o trabalho de Walcyr.
“Admiro a minha coragem de questionar, de me arriscar e enfrentar tudo que aconteceu depois, mesmo há oito anos. Acho que muita coisa mudou de lá pra cá, e hoje ninguém é mais inacessível e essas hierarquias são tratadas de uma forma bem mais saudável nos ambientes de trabalho”, afirma.
“Possuo total respeito e admiração pelo trabalho do Walcyr, um autor que considero muito talentoso”, finaliza a atriz.
Leia os tuítes de Marina sobre esta questão:
Depois de oito anos, ainda esse assunto.
Nunca falei sobre isso e sei que o que não faltam são histórias bem distantes da verdade.
Aproveitando a fala do Walcyr, “desisti” pois o que tinha sido combinado e dito pra mim sobre a história, sobre a personagem, não foi feito.— MARINA RUY BARBOSA (@mariruybarbosa) August 20, 2020
Uma pena que na época não tive “acesso” e não pude falar diretamente com o autor. Nunca nos falamos, nem no momento em que fui chamada pra novela, durante o trabalho ou depois de tudo.
Uma pena não ter tido a chance de conversar e entender o que se passava na cabeça do Walcyr.— MARINA RUY BARBOSA (@mariruybarbosa) August 20, 2020
Do lado de cá, com as informações que eu tinha, de uma coisa estava certa: como atriz, não queria só o sensacionalismo. E como menina/mulher aos 17 anos, só valeria à pena se fosse pra tratar da doença com muito respeito e atenção, e fazer uma ação social sobre câncer linfático.
— MARINA RUY BARBOSA (@mariruybarbosa) August 20, 2020
Não foi uma decisão irresponsável, muito menos leviana. Após uma longa conversa com a direção da emissora da época, chegamos juntos a essa conclusão, de que não fazia sentido pela forma como tudo estava sendo tratado.
— MARINA RUY BARBOSA (@mariruybarbosa) August 20, 2020
Admiro a minha coragem de questionar, de me arriscar e enfrentar tudo que aconteceu depois, mesmo há oito anos.
Acho que muita coisa mudou de lá pra cá, e hoje ninguém é mais inacessível e essas hierarquias são tratadas de uma forma bem mais saudável nos ambientes de trabalho.— MARINA RUY BARBOSA (@mariruybarbosa) August 20, 2020
No entanto, possuo total respeito e admiração pelo trabalho do Walcyr, um autor que considero muito talentoso.
— MARINA RUY BARBOSA (@mariruybarbosa) August 20, 2020
Confira o que disse Walcyr Carrasco sobre Marina Ruy Barbosa:
“Quando ela aceitou o papel, ela tinha combinado que cortaria o cabelo. Tinha combinado verbalmente que cortaria quando aceitou o papel. Ela foi fazer o papel e a história [do corte] foi chegando. Ela não avisou com tanta antecedência que não iria cortar. Se ela tivesse, a certa altura, avisado com muita antecedência, eu teria sabido orientar a história para outro lugar”, afirmou Walcyr Carrasco, em entrevista à jornalista Marcia Piovesan, da Revista ‘Caras’.
“Na minha história, a personagem dela já estava à beira da morte. Não tinha mais jeito, porque eu teria que desfazer toda a história já escrita, o que não é o problema. Falaram: ‘O Walcyr ficou com preguiça’. Não, não fiquei com preguiça. Envolve a produção da novela, que já preparou cenário, já chamou atores. Quer dizer, tem tanta coisa envolvida que não é uma coisa de ‘Volta atrás 30 capítulos e pronto’. Não. Então, não tinha jeito a não ser matar a personagem dela”, admitiu.
“O público hoje é muito informado. Todo mundo sabe a amplitude do câncer. Pela descrição que eu tinha dado, o tratamento quimioterápico acabaria com o cabelo [de Nicole]. Se eu não cortasse, ia ser um jogo duro. Não ia ficar verossímil. Então, o jeito foi matar. Foi o que eu fiz. Eu não sabia mais o que fazer com a personagem”.
Segundo o autor da novela, quando Marina desistiu de raspar a cabeça, ele teve cinco dias para mudar toda a história.
“Foram cinco dias e eu tinha que mudar toda a história. Entendeu? Se tivessem me preparado um mês antes, existe um time de peruca americana, que é uma peruca que parece que a pessoa está sem cabelo. Então teria dado tempo para encomendar esse material”, afirmou.
“Pode ser feito com muita antecedência. E a gente não tinha isso para resolver de uma boa maneira”, lamentou Walcyr. “Fiquei chateado na época, mas isso não quer dizer que não trabalharia com ela de novo, desde que as coisas fossem todas conversadas antes. A Marina tem feito papéis que funcionam muito bem no ar”, finalizou.
Assista à live completa da entrevista de Walcyr para a revista ‘Caras’:
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