O reality show MasterChef Brasil, da TV Band, é um dos maiores sucessos de audiência na televisão aberta brasileira na atualidade. Quem acompanha a atração, conhece muito bem uma de suas principais marcas registradas: a dureza dos jurados na hora de criticarem os pratos apresentados pelos participantes da competição.
Enquanto muita gente se diverte com o jeitinho agressivo dos cozinheiros, outros telespectadores se incomodam bastante com o tom dos comentários, que costumam considerar como “grosseiros”, “humilhantes” e “desnecessários”.
Em uma entrevista coletiva concedida no dia 9 de outubro de 2019 para o lançamento oficial da temporada ‘A Revanche’, Paola Carosella, Henrique Fogaça e Érick Jacquin decidiram quebrar o silêncio sobre esse assunto.
Questionados sobre isso, os três foram pontuais em dizer que discordam das críticas e explicaram seus pontos de vista. Eles afirmam que o tom utilizado é comum dentro da profissão e não deveria ser mal interpretado pelos fãs do programa.
O chef francês Érick Jacquin garante que nunca se arrependeu de nenhum comentário feito durante as gravações do reality. Além disso, ele tem uma teoria que explicaria o fato de o público tomar as dores dos participantes.
“O público prefere muito mais o personagem [participante] do que a gente, então acha que não é legal, mas é a comida. A gente não tem preferência, a minha consciência está tranquila. Se eu disse que é ruim [o prato apresentado], é porque é ruim e ponto final. Nunca me arrependi. […] Por isso que tem emoção. É mais difícil falar a verdade para pessoa, tem mais emoção”, disse ele.
Vida real é pior que o MasterChef Brasil?
Os jurados foram categóricos quando um jornalista insistiu na questão e afirmou que eles poderiam desestimular os participantes. Os três jurados garantiram que isso não existe no universo da gastronomia.
“Vou dizer para você que a vida é feita de trancos e barrancos e ao participante que errou. O cara fez errado, vou ser objetivo, não vou ficar de firula para ele não se sentir ofendido. A vida é porrada, mano”, afirmou o brasileiro Fogaça.
A chef argentina Paola Carosella entrou mais a fundo na questão e disse que a profissão não perdoa erros e o programa não poderia ser diferente. “Nosso serviço é pauleira. Nossa profissão é uma religião, e acho que uma das coisas que o MasterChef trouxe e que ainda não se entende muito é que ele traz em diferentes espaços e em diferentes momentos tudo o que acontece no mundo da gastronomia”, afirma.
“Eles estão cozinhando lá com tempo, tem que sair agora, a comida tem que ser para agora. Representa muito como é em uma cozinha. Desde que estou nessa profissão, fiz as contas e são 29 anos de cozinha, aqui para mim lembra muito mais uma avaliação que o cliente faz ao chef ou para o dono, do que o próprio chef faz para o cozinheiro”, acrescenta.
Paola ainda completa afirmando que, na vida real, as críticas são muito piores. “Quando desço no salão e alguém desce a lenha no prato que eu fiz, que esqueci de colocar o sal ou que minha sobremesa poderia ser esquecível, essa dureza faz parte da nossa profissão desde sempre. Aqui é 50 vezes mais mole”, garante.
“Se você tem um restaurante com 150 lugares, um monte de gente comendo, tem tempo para servir, tem fila de espera para comer, tempo para atender, e o cozinheiro da sua praça erra pela terceira vez, você acha que o chef vai falar: senta aqui comigo que a gente precisa conversar sobre essa salada que você temperou errado. Não é assim”, finaliza ela.
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