O padre Robson de Oliveira Pereira, considerado um dos mais populares do Brasil, teve sua prisão solicitada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) na última sexta-feira (21). O motivo é que o pároco é acusado de cometer irregularidades na associação presidida por ele.
Segundo o MP, o padre Robson teria desviado recursos oriundos da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), que estavam destinados para a construção da Basílica do Divino Pai Eterno, no município de Trindade e da qual ele é reitor.
A obra é financiada com doações e contribuições de fiéis. Os trabalhos começaram em 2012, mas a basílica não foi concluída até hoje.
Existem suspeitas de que essas doações, na realidade, foram usadas para financiar imóveis milionários, como uma fazenda no município de Abadiânia, avaliada em R$ 6 milhões, e uma casa de praia no litoral da Bahia, no valor de R$ 3 milhões.
No total, o pároco teria desviado em torno de R$ 120 milhões de doações de fiéis. Ele também preside outras duas associações. No total, essas organizações teriam movimentado R$ 2 bilhões entre 2008 e 2018, segundo levantamento do Ministério Público. O esquema também envolvia a participação de laranjas.
O MP afirma que pediu a prisão do padre por se apropriar dos recursos da Afipe “há vários anos” e que estaria “promovendo a transferência de bens desta para terceiros”. Além disso, o Ministério Público também pede que Robson de Oliveria seja afastado da direção da associação e proibido de entrar nos imóveis dela.
Os promotores do MP apuram cinco crimes cometidos pelo padre: organização criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsificação de documentos e sonegação fiscal.
A juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, indeferiu o pedido feito pelo MP. Segundo o site G1, a magistrada alega que os indícios da prática de crimes de natureza grave não são suficientes para determinar a prisão do padre e que não existem indícios de que ele irá destruir provas ou intimidar testemunhas em liberdade.
Ainda assim, a juíza determinou o bloqueio de R$ 60 milhões em bens da Afipe.
Caso de extorsão desencadeou operação
Ainda de acordo com o MP, a operação desencadeada para apurar as irregularidades começou por conta de outra investigação que envolve o nome do padre Robson.
Entre março de abril de 2017, o MP afirma que o pároco foi extorquido por um hacker, que exigiu R$ 2 milhões dele após ameaçar revelar um suposto caso amoroso com o padre. No entanto, a polícia civil apurou que as mensagens usadas para extorquir Robson de Oliveira eram falsas.
Segundos as investigações, o dinheiro era repassado em espécie, em valores entre R$ 50 mil e R$ 700 mil.
Arquidiocese de Goiânia e Afipe se manifestam
Em nota, a Arquidiocese de Goiânia, responsável por Trindade, disse que “está atenta ao trabalho do Ministério Público, espera que tudo seja apurado o mais breve possível e se coloca à disposição para colaborar com a Justiça.”
A Arquidiocese também suspendeu as atividades sacerdotais do padre Robson. Ele está impedido de celebrar missas e casamentos, ouvir confissões, absolver pecados, e participar de programas de TV, rádio e internet até janeiro de 2022.
Já o corpo jurídico da Afipe disse que “não foi pego de surpresa” com a operação e que no passado, “se colocou à disposição do Ministério Público.”
Padre Robson se manifesta
Após a divulgação da operação, o padre Robson se manifestou nas redes sociais no último sábado (22) e negou ter cometido qualquer irregularidade no comando da Afipe.
“Sexta foi um dia corrido, pesado, e devido à situação na qual eu fui colocado eu entendi que o melhor caminho seria me afastar temporariamente da reitoria do Santuário Basílica de Trindade e também da presidência da Afipe. Eu sempre estive e continuo à disposição do Ministério Público”, afirmou.
“Esse meu pedido de afastamento vai me permitir colaborar com as apurações da melhor forma e com total transparência para que seja confirmado que toda a doação que fazemos ao Pai Eterno, terços rezados, dinheiro doado, tempo, carinho, trabalho empregados na evangelização foi toda –repito– toda empregada na própria associação, a Afipe, em favor da evangelização” completou.
Em entrevista concedida ao Fantástico, que exibiu uma reportagem no caso no domingo (23), o padre Robson reforçou que não cometeu nenhuma irregularidade e justificou as aquisições que se tornaram alvo da operação conduzida pelo MP.
“Entendemos que a melhor coisa seria fazer investimentos imobiliários. Compramos fazendas, gado, fizemos investimentos que são totalmente dentro das finalidades da entidade e totalmente lícitos. Não tenho nada no meu nome, um patrimônio, um lote, nunca tive”, afirmou.
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