Um áudio do padre Robson de Oliveira Pereira – ex-reitor do Santuário Basílica de Trindade (GO) acusado de ter desviado mais de R$ 100 milhões de doações de fiéis – vazou e chama atenção pelo conteúdo.
O motivo? Na gravação, ele admite com todas as letras que é “o chefe da quadrilha“ e demonstra medo de ser preso – caso a operação viesse a ser descoberta, o que acabou acontecendo.
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A gravação foi apreendida pelo Ministério Público do Estado de Goiás no próprio celular do padre Robson e divulgada pelo ‘Jornal da Record’ nesta quarta-feira (24).
Nela, o padre conversa com advogados e um integrante da Associação Filhos do Pai Eterno (AFIPE), organização de onde ele desviou dinheiro doado por fiéis.
O sacerdote católico diz que desvios e documentos alterados são ilegais e que, se cair nas mãos de “um delegado meio doido” que faria “perguntas demais”, ele poderia ser preso. “Ô, gente. O meu medo nessas coisas aí chama-se… apuração dos fatos”, diz o padre.
“Quando for apurar fatos, olhando nossa contabilidade, olhando nossa contabilidade do Júnior, do Gleison, vão ver que eles deram outra destinação aos valores, que não bate com datas e nem com nenhum tipo de… não tem jeito, gente“, afirma o padre Robson no áudio, temeroso de seu esquema de desvio de dinheiro ser descoberto pela polícia.
O advogado Klaus Marques, então, confirma: “É crime organizado“. Ele diz mais: “E o senhor é o chefe”. Padre Robson declara: “E eu sou o chefe da quadrilha“.
Em outro momento do áudio, o padre diz que não poderia ter provas que o incriminassem em seu computador pessoal e que trocaria a placa do aparelho em breve.
“Eu estou dando legitimidade para uma coisa ilegítima, porque eu considero que foi estelionato aquilo lá […] Complicado isso aqui. Não está bom, não. Isso aqui é a mesma coisa de estar assinando um mandado de prisão“, diz o padre Robson.
Em determinado momento da conversa, um advogado cita os representantes do padre Robson nos negócios e investimentos imobiliários. Alessandra, funcionária da Associação Filhos do Pai Eterno (AFIPE), entra na conversa.
“Isso aqui é péssimo também. Investimentos na área imobiliária, tendo em vista tudo que, de fato, todo mundo sabe que eles fizeram, foi o quê? Um roubo, né?“. Com medo de ser preso, padre Robson diz: “Isso não é bom”.
Quando o áudio foi gravado, padre Robson já estava sendo investigado pela polícia na ‘Operação Vendilhões’, que teve início após uma denúncia do próprio padre alegando estar sendo vítima de extorsão após hackers terem descoberto um relacionamento amoroso dele.
Segundo as investigações, Padre Robson teria desembolsado R$ 2,9 milhões para os chantagistas, dinheiro que, segundo o Ministério Público, certamente saiu dos cofres da Associação Filhos do Pai Eterno (AFIPE).
Padre Robson administrava um fundo de R$ 2 bilhões para a construção do novo Santuário da Basílica de Trindade, em Goiás. Foi nesse tempo que o padre realizou os desvios, que podem passar de R$ 100 milhões.
Segundo a polícia, o dinheiro foi utilizado pelo sacerdote na compra de fazenda, casa de praia e até um avião de pequeno porte.
Ouça um trecho do áudio vazado de Padre Robson:
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