O jornal argentino Clarín citou o Palmeiras como clube que dá apoio ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) em matéria publicada na terça-feira (9). Além disso, o veículo destaca que o time paulista apresenta “ligações históricas com o fascismo”.
O jornal fez suas afirmações com base em dois recentes episódios envolvendo o nome do clube: a declaração de Felipe Melo ao dedicar gol que fez contra o Bahia a Jair Bolsonaro, dizendo que ele “é o futuro presidente do Brasil”, e um vídeo que exibe palmeirenses entoando gritos homofóbicos em que nome do candidato à Presidência pelo PSL é citado.
“A história dessa instituição de futebol não é um detalhe. Foi fundado com outro nome: Palestra Italia em 1914; e, segundo os historiadores, durante a Segunda Guerra Mundial foi ‘um germe fascista dentro do Brasil'”, destaca um dos trechos do jornal argentino.
Em resposta, o Palmeiras emitiu uma nota oficial para se posicionar contra as declarações do Clarín e afirmar que “em momento algum declarou apoio a qualquer candidato a presidente do Brasil”.
Confira a nota oficial do clube:
“Com relação ao artigo “La disputa política llega al fútbol: la hinchada del Palmeiras se declara ‘bolsonarista'”, a Sociedade Esportiva Palmeiras vem a público esclarecer:
O Palmeiras, em momento algum, declarou apoio a qualquer candidato a presidente do Brasil. Como o próprio texto ressalta, o clube, após as declarações do atleta Felipe Melo, emitiu uma nota ratificando a posição de neutralidade nas eleições, lembrando que se tratava de uma posição pessoal do jogador.
Sobre o vídeo com canções homofóbicas no metrô, o Palmeiras não é responsável por atos isolados de torcedores que não representam a instituição e seus valores. São 16 milhões de palmeirenses espalhados por todo o país, e generalizar que a torcida do Palmeiras apoia determinado candidato é, no mínimo, imprecisão jornalística e incoerência, já que, no mesmo texto, é citada a existência de um grupo chamado Palmeiras Antifascista.
Tão grave ou mais são as afirmações de que o Palmeiras é uma “institución con una dura historia vinculada al fascismo italiano”, que era “un germen fascista dentro de Brasil” e que “no pudo sin embargo desprenderse de la fama de racista que había sabido ganar”. Não sabemos quais historiadores foram consultados, mas, certamente, não conhecem a história do clube e do futebol brasileiro.
Em nossa ata de fundação, em 1914, constam os nomes de 46 pessoas, entre elas, brasileiros sem nenhuma ascendência italiana (portanto, nunca houve distinção étnica no clube). Fomos fundados por operários, trabalhadores e profissionais autônomos. Enfrentamos o establishment do futebol paulistano, à época dominado pela aristocracia, e fomos um dos grandes responsáveis pela popularização do esporte na cidade. O contingente de torcedores do Palestra Italia lotando os jogos do time foi, inclusive, motivo de artigo de jornal, impressionado com a capacidade do clube de mobilizar as massas. E não havia restrição de etnia, de gênero ou de classe social nessas massas.
O Palestra foi, sim, duramente perseguido durante a Segunda Guerra por conta do posicionamento do governo brasileiro. Foi vítima de preconceito unicamente por ter “Italia” no nome. O clube nunca declarou apoio ao Eixo. Inclusive, um dos jogadores ícones do time em 1942, quando o clube foi obrigado a mudar de nome, era o negro Og Moreira…
Feitos os devidos esclarecimentos, lamentamos profundamente que os leitores de um jornal da importância do Clarín tenham se deparado com um texto com tanto desconhecimento histórico e com tanta generalização incorreta.
Atenciosamente,
SE Palmeiras”
Felipe Melo dedica gol a Jair Bolsonaro: ‘para o futuro presidente’
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