A jornalista paraibana Rachel Sheherazade está movendo uma ação judicial contra a emissora de Silvio Santos – SBT – e o valor da indenização pedido por ela é surpreendente: R$ 20 milhões!
Conhecida por compartilhar suas opiniões, muitas vezes consideradas polêmicas, junto às notícias jornalísticas, ela foi contratada pelo SBT justamente após Silvio gostar de uma fala dela sobre o carnaval em um telejornal local na Paraíba.
Trabalhou durante mais de 9 anos no SBT e, segundo ela, precisa ser indenizada por vários motivos.
Uma das queixas alegada pelos advogados de Rachel é que ela sofreu assédio moral por parte do apresentador Silvio Santos.
Durante a cerimônia do Troféu Imprensa, em 2017, em que Rachel ganhou como ‘Melhor Apresentadora de Telejornal’, o dono do baú insinuou que ela não deveria mais expor suas opiniões em rede nacional.
“Eu te chamei para você continuar com a sua beleza, com a sua voz, foi para ler as notícias, e não dar a sua opinião. Se quiser falar sobre política, compre uma estação de TV e faça por sua própria conta”, disse ele, na época.
Rachel chegou a defender o patrão afirmando ter sido uma brincadeira, mas hoje a história mudou.
No processo consta que a fala de Silvio foi “nitidamente machista, colocando a figura feminina numa posição em que a beleza física é supervalorizada em detrimento dos atributos intelectuais“.
E mais: depreciativo, preconceituoso, constrangedor e humilhante. Por esse fato, a defesa da jornalista pede R$500 mil por danos morais.
Outros motivos, que segundo a defesa de Rachel vale indenização, são os momentos em que Silvio “censurou” a jornalista para que ela não fizesse comentários críticos direcionados a políticos.
A razão é que o posicionamento da jornalista, principalmente as críticas ao governo Bolsonaro, estava desagradando grandes patrocinadores do SBT, como Luciano Hang, dono da ‘Havan’ – apoiador declarado do atual presidente do Brasil.
“Silvio Santos a afastou da apresentação do telejornal SBT Brasil, como nítida forma de punição em razão de seus comentários e opiniões, bem como reduziu seu espaço no ar“, afirma a defesa da apresentadora.
Constam também na ação judicial capturas de tela de conversas de Rachel com o diretor de Jornalismo do SBT, José Occhiuso em que fica evidente que ela era preterida e até “esquecida” em detrimento de outros profissionais da casa.
Um e-mail enviado pelo CEO do SBT, José Roberto Maciel, em 2014, solicitava que Rachel Sheherazade reduzisse o tom, visto por ele como “agressivo e motivo de vergonha”, tanto para ele quanto para outros colegas de trabalho.
Este documento também faz parte do processo quanto ao boicote que a jornalista alega ter sofrido na emissora.
Rachel Sheherazade também processa por questões trabalhistas
Além de todas as questões apontadas até aqui, Rachel Sheherazade está processando o SBT por questões trabalhistas. Ela nunca teve carteira assinada e seu contrato era como pessoa jurídica e prestação de serviço.
Segundo os advogados da jornalista, a modalidade indicada pelo SBT tinha o intuito de fraudar a legislação trabalhista, previdenciária e fiscal, se eximindo do pagamento de outros direitos que seriam normais se sua contratação tivesse se dado por carteira de trabalho assinada.
“Procedimento ilegítimo que o SBT utiliza com a maioria de seu corpo de Jornalismo e apresentadores”, diz o advogado André Gustavo Souza Froez de Aguilar.
A defesa alega que, durante todo o tempo em que Rachel trabalhou para a emissora de Silvio Santos, havia registros de vínculo de exclusividade, com carga horária e subordinação aos diretores do SBT, além de comprovantes de vale-refeição e plano de saúde – o que não existe em contrato de prestação de serviço de pessoa jurídica.
Juntando tudo que seria direito, mas não foi devidamente pago à Rachel Sheherazade e as questões citadas acima, a defesa chegou ao valor de quase R$ 20 milhões.
Aviso prévio, 13º salários que ela nunca recebeu, férias remuneradas, FGTS, trabalho em feriados, horas extra, participação nos lucros na receita da empresa (PLR pagas aos funcionários do SBT), além de uma diferença salarial que a profissional não usufruiu, por não ser contratada no regime CLT.
“Dá-se à presente, o valor de R$19.651.317,00, única e exclusivamente para fins de fixação do rito em ordinário, registrando que o valor dado à causa não vincula o juízo e que não renuncia nenhum valor que o exceder”, conclui a ação.
Segundo informações do processo, obtido pelo site ‘Notícias da TV’, Rachel entrou no SBT ganhando um salário de R$ 37 mil e foi demitida, em outubro de 2020, ganhando R$ 214.108,47 por mês. Todos os valores indenizatórios pedidos fazem jus a esses valores.
Após ser demitida do SBT, Rachel Sheherazade foi contratada pelo jornal ‘Metrópoles’ e disse estar muito feliz com a nova jornada profissional.
Procurado pela imprensa, o SBT não quis de pronunciar e informou que “não comenta sobre questões jurídicas”. Rachel também decidiu não falar sobre o caso.
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