Foram divulgados vídeos chocantes que revelam a rotina de pacientes em uma clínica de reabilitação clandestina localizada em uma área rural próxima ao Distrito Federal.
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Segundo o jornal ‘Metrópoles’, os pacientes eram submetidos a humilhações e torturas diárias, sendo alguns casos até fatais.
Estamos falando da Clínica de Reabilitação Restituindo Vidas, situada em Luziânia (GO). Um dos vídeos mais chocantes mostra um paciente sendo forçado a entrar nu em uma piscina de madrugada.
Outras filmagens exibem pessoas dormindo no chão sujo e amarradas em posições semelhantes às que os escravos eram mantidos no Brasil há mais de 130 anos.
Apesar das atrocidades e mesmo com boletins de ocorrência (B.O.) registrados na Polícia Civil de Goiás (PCGO), o local continua em funcionamento e até recebendo novos pacientes. A clínica é clandestina e administrada por um homem que se diz enfermeiro.
Algumas vítimas que sobreviveram às torturas relataram uma rotina de sofrimento, com agressões, humilhações e até circulação de drogas no local.
Humilhação, tortura e morte na clínica
Os dependentes químicos internados na Clínica de Reabilitação Restituindo Vidas eram privados de contato com a família e dopados com medicamentos sem prescrição médica.
Muitos, inclusive, passavam fome, já que as refeições eram controladas rigidamente pelos monitores.
Um paciente faleceu em março após ser forçado a ingerir altas doses de medicamentos controlados. Outro caso fatal ocorreu em abril, quando Carlos Eduardo Rodrigues, de 44 anos, morreu após menos de 24 horas sob os cuidados da clínica.
Os internos eram sedados com uma mistura conhecida “Danone”, composta por Neozine de 100 mg e 50 gotas de Clonazepam (o famoso Rivotril).
Vítimas medicadas chegavam a ficar até três dias dormindo sem ingerir água e nem qualquer alimento. Outro remédio utilizado na clínica era o Rapilax – que, em altas doses, causa incontinência urinária e fecal.
Ainda de acordo com o ‘Metrópoles’, a clínica está superlotada e apresenta péssimas condições de estrutura.
Para se ter noção, com apenas três quartos, a instituição abriga cerca de 60 homens, alguns dormindo no chão, e apenas um banheiro sem descarga. Não há psiquiatras ou enfermeiros para oferecer tratamento adequado aos pacientes.
Além da mensalidade de R$ 900, é cobrado um valor extra para comprar comida e produtos de higiene pessoal, mas os internos não têm acesso aos itens. Um rolo de papel higiênico, por exemplo, é fornecido para até 60 pessoas.
As vítimas relatam humilhações cotidianas, como agressões com armas de choque que fazem os internos urinarem de dor. Em uma tentativa de fuga, um paciente com esquizofrenia foi queimado com cabos de energia.
“Os responsáveis pela clínica não têm preparo nenhum. Vários colegas que estavam lá tinham esquizofrenia e não recebiam o tratamento correto. Os funcionários os agrediam, faziam tratamento de choque, e os deixavam amarrados. Esses abusos traumatizaram muito“, afirmou um ex-paciente.
O proprietário nega as acusações e afirma que os relatos são falsos. “Eu não trabalho dessa maneira. Minha comunidade é abençoada e essa situação não acontece dentro dela”, declarou ele.
No entanto, nos vídeos que mostram a violência com que os pacientes são tratados, é possível ver inspetores com o jaleco da Clínica de Reabilitação Restituindo Vidas.
Os relatos também dizem o contrário. “Aquele lugar é pior que uma prisão, parecia que eu estava em uma senzala. Rezei por muitos dias, porque achei que ia morrer lá dentro”, contou um ex-interno.
Assista (as imagens são fortes!):
Ex-internos lidam com sérios traumas
Os que conseguiram deixar o local, ainda sofrem com questões emocionais e psicológicas que a internação gerou.
“Ainda sinto muita tristeza por tudo que passei e espero que a justiça seja feita. Nós fomos tratados como se não fôssemos seres humanos, e carrego traumas até hoje: Não consigo mais dormir, tenho várias crises de pânico e sonhos por conta de tudo que aconteceu”, afirmou mais um ao ‘Metrópoles’.
Henrique França, delegado da Região Centro-Oeste da Federação Nacional de Comunidades Terapêuticas (Fenact), explicou que abrir CNPJ como ‘Comunidade Terapêutica‘ é uma estratégia comum utilizada por criminosos para driblar regras.
“O CNPJ é de comunidade terapêutica, mas os donos dessas clínicas clandestinas oferecem o serviço de clínica psiquiátrica. As exigências para abrir uma CT são menores do que as das clínicas, então os maus-tratos acabam acontecendo, porque muitas vezes esses locais não têm recursos, profissionais preparados e estrutura para fazer o tratamento psiquiátrico”, esclareceu o delegado.
Em nota, a Fenact afirmou que repudia essas falsas comunidades terapêuticas e pede que todo o rigor da lei seja aplicado a estes estabelecimentos clandestinos e seus responsáveis.
Luta Antimanicomial
A Luta Antimanicomial é um movimento social e político que busca transformar as práticas de tratamento e atenção em saúde mental, combatendo a internação compulsória e a violação dos direitos humanos em hospitais psiquiátricos e outras instituições similares.
Esse movimento defende a criação de alternativas terapêuticas e a inserção das pessoas com transtornos mentais na sociedade, respeitando sua autonomia e dignidade.
Com origem no final do século 20, a Luta Antimanicomial promove a desinstitucionalização e a construção de uma rede de atenção psicossocial comunitária, que garanta tratamentos humanizados e uma vida mais digna para pessoas com transtornos mentais.
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