Autoridades iraquianas detiveram nove indivíduos suspeitos de participação no incêndio que vitimou 114 pessoas em uma festa de casamento no distrito de Hamdaniya, no norte do Iraque.
Acontecido na última terça-feira (26), o incidente foi registrado em vídeos que circulam nas redes sociais, mostrando o rápido alastramento do fogo, decorrente do uso de fogos de artifício.
De acordo com as imagens, faíscas disparadas pelos fogos de artifício se direcionaram ao teto enquanto centenas de convidados participavam de um jantar no salão do evento.
Não demorou muito para que todo o local fosse engolido pelo fogo. Investigadores informam que materiais de construção altamente inflamáveis compunham a estrutura do edifício, o que acelerou o desastre.
“Não foi um casamento. Foi um inferno”, desabafou Mariam Khedr, enquanto aguardava a entrega dos corpos de sua filha e três netos, o mais novo com apenas oito meses.
Outros que sobreviveram ao evento dizem que o incêndio começou cerca de uma hora após o início da celebração. Hassan al-Allaf, vice-governador da província de Nínive, confirmou o número de mortos e acrescentou que outras 150 pessoas ficaram feridas.
Youssef, um homem que sofreu queimaduras faciais e nas mãos, contou que a fumaça limitou a visibilidade e que a energia elétrica foi cortada pouco depois do início do incêndio. Ele conseguiu resgatar seu neto de três anos e escapar.
“Algumas pessoas conseguiram escapar, e outras ficaram presas”, adicionou Imad Yohana, de 34 anos, outro sobrevivente.
Veja o vídeo. As imagens são fortes!
🚨MUNDO: Incêndio em casamento no Iraque deixa 113 mortos e ao menos 150 feridos.
— CHOQUEI (@choquei) September 27, 2023
Noivo chora em enterro coletivo
Revan, o noivo cuja celebração de casamento se transformou em uma catástrofe, marcou presença em um enterro coletivo para as vítimas do incêndio que devastou a cerimônia.
Visivelmente emocionado, o jovem foi consolado por familiares e amigos enquanto dava o último adeus aos falecidos.
@iraqedu6بالفيديو.. انهيار وبكاء عريس وعروس فاجعة الحمدانية لحظة دفن الضحايا
Revan e a noiva, Haneen, foram levados ao hospital logo após o incidente e, felizmente, sobreviveram à tragédia que tirou a vida de mais de 100 pessoas. De acordo com fontes locais, o estado psicológico do casal é “terrível”.
Houve relatos iniciais de que o casal havia falecido devido ao incêndio, mas essas informações foram posteriormente corrigidas. Agentes da defesa civil iraquiana confirmaram à BBC que ambos os noivos estão vivos, informação que também foi autenticada pelo pai de Haneen à CNN.
O pai da noiva, cujo nome não foi divulgado, responsabilizou o proprietário do local pela tragédia. “Responsabilizo o dono do salão pelo ocorrido na festa porque não há extintores nem medidas de segurança”, afirmou ele.
Os enterros coletivos foram iniciados na tarde da quarta-feira (27), menos de 24 horas depois do evento fatídico e continuaram na quinta-feira.
Uma foto que ganhou circulação nas redes sociais mostra o que seria a última imagem do casal antes do incêndio.
Incêndio no casamento
Mohammed al-Sudani, primeiro-ministro iraquiano, deu ordens para o início de uma investigação completa e solicitou apoio dos ministérios do Interior e da Saúde do país. Equipes de bombeiros continuam a operação de rescaldo e buscam por desaparecidos na manhã seguinte ao incidente.
Segundo relatos, o salão parecia não estar em conformidade com normas de segurança básicas, faltando inclusive extintores de incêndio. O local tinha saídas insuficientes e decorativos inflamáveis, aumentando os riscos.
A Defesa Civil local, em comunicado oficial, apontou que painéis pré-fabricados “inflamáveis e em desacordo com as normas de segurança” foram identificados na sala de festas.
O Ministério do Interior emitiu quatro mandados de prisão contra os proprietários do salão, conforme informações da mídia local. A identidade das outras cinco pessoas detidas ainda não foi divulgada.
O Iraque, que enfrenta uma infraestrutura precária devido a décadas de conflito, tem sido palco frequente de desastres fatais. Em 2021, incêndios em hospitais dedicados ao tratamento de COVID-19 já haviam resultado em mais de 140 mortes.
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