Igor Miranda
O estudante Talles de Oliveira Faria fez um protesto durante sua formatura no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), no último sábado (17), em São José dos Campos (SP). Faria foi à cerimônia de vestido vermelho e salto alto.
O aluno do ITA acusou, ainda, a instituição de homofobia. Um vídeo do momento do protesto foi registrado e viralizou nas redes sociais.
Internautas afirmam que o estudante teria pedido para utilizar farda feminina em sua formatura, todavia, a opção seria para que ele se formasse como aluno de reserva em vez de militar. A Força Aérea Brasileira (FAB), em nota, diz que não há homofobia no ITA. “Nas formaturas do ITA, os militares têm uniforme definido, sendo previsto para os formandos civis apenas traje de passeio”, diz.
Assista a um vídeo do protesto:
Acusações
Em carta divulgada pelo Correio/Estado de Minas, Talles de Oliveira Faria falou sobre as situações vivenciadas por ele no ITA. Ele disse que chegou a ficar preso por quatro dias por utilizar maquiagem.
“O que mais me indignou é que, dentro da mesma sala, havia uma tenente com o cabelo pintado (luzes) e que, na própria sala do coronel, também ficavam duas suboficiais com os cabelos loiros (luzes). (…) Eu uso maquiagem no dia a dia, assim como várias meninas da minha turma, mas nenhuma delas jamais foi punida por algo semelhante. Com isso fiquei mais quatro dias preso”, afirma.
O estudante diz se sentir oprimido dentro da instituição. “Também por ser uma instituição extremamente sexista, sinto-me oprimido por querer usar maquiagem, pintar o cabelo (mesmo que de cores discretas), coisas que são permitidas a mulheres e não negadas pelo regulamento a pessoas do sexo masculino. Os militares então usam disso e mais algum erro que querem encontrar em você para que seja punido. Ser abertamente gay é dar motivação aos militares para encontrar erros em você e te punir”, revela.
Para buscar uma melhora na situação, Talles diz que foi criada uma Associação de LGBTs dentro do ITA, em 2011. “A organização se fortaleceu ano a ano, melhorando a convivência e o processo de aceitação dos novos alunos. Hoje é uma organização estável e ativa dentro da comunidade. Desde de 2012, usamos o dia 17 de maio (Dia Internacional contra a Homofobia) para nos manifestarmos de alguma forma no ITA, chamarmos atenção e gerar discussões envolvendo o tema”, afirma.
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