Câmeras da concessionária CCR flagraram o momento em que o helicóptero que transportava Ricardo Boechat caiu e colidiu com um caminhão no Rodoanel, próximo ao acesso da rodovia Anhanguera, na última segunda-feira (11).
As imagens divulgadas indicam que o piloto Ronaldo Quattrucci, também morto, realizava um pouso de emergência em uma das vias da Rodovia Anhanguera no momento do acidente, segundo o coordenador de Engenharia Aeronáutica da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas, Luiz Henrique Santos.
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Segundo o especialista, um piloto somente faz um pouso de emergência naquelas condições quando não tem mais controle da aeronave, pois o indicado é pousar no local mais plano e desabitado possível. Além disso, a “curva” feita pouco antes de chegar ao solo também indica que Quattrucci iria “ajustar para o pouso”.
“Aquele helicóptero é extremamente robusto, não é comum apresentar falhas”, afirma. De acordo com Santos uma falha pode ter origem no projeto e na manutenção.
O professor acredita que a falha pode ter ocorrido no motor principal, o que impacta na hélice maior da cabine. Outra hipótese é que o problema ocorreu no sistema hidráulico, o que dificulta que o enrijece o sistema de comando. “Fica muito mais difícil controlar o helicóptero.”
O choque com o caminhão foi o elemento que impediu o pouso de ser bem sucedido, segundo o professor. “O piloto deve ter visto que havia pedágio perto e pensou que os veículos não estariam em alta velocidade, o que tornaria menos arriscado.”
Ele ressaltou ainda que, para os padrões da área, a aeronave, uma Bell Jet Ranger, prefixo PT-HPG, não é considerada ultrapassada, mesmo sendo de 1975. A aeronave tinha capacidade para cinco lugares, estava com a declaração anual de inspeção de aviação válida até maio deste ano e com o certificado de aeronavegabilidade válido até maio de 2023, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O equipamento pertencia à empresa RQ Serviços Aéreos Especializados, cuja sede fica no Tatuapé, zona leste, com frota de quatro aeronaves especializada em filmagens, fotografias e reportagem. A companhia não tinha aval para o transporte remunerado de passageiros, segundo a Anac. Quattrucci, que morreu no desastre, era sócio-proprietário da empresa. Anac, Aeronáutica e Polícia Civil investigaram o que provocou a tragédia.
A polícia de São Paulo e a Força Aérea Brasileira (FAB) investigam os motivos para a queda do helicóptero em que estava o jornalista Ricardo Boechat. Na parte policial, as investigações se concentram no 46º Distrito Policial (Perus), no qual foram ouvidos o motorista do caminhão atingido pelo helicóptero e a testemunha Liliane Rafael da Silva.
O jornalista foi velado no Museu da Imagem e do Som (MIS), no Jardim Europa, na zona sul de São Paulo, e cremado às 16h da terça-feira (12) no Cemitério Horto da Paz, em cerimônia fechada.
Fãs, amigos e familiares se despedem de Boechat em velório no MIS
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