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‘Vou me indignar junto’, diz Leandra Leal sobre racismo contra a filha

Atriz e seu marido adotaram Julia, de 2 anos, em 2016: ‘precisamos ouvir quem passa por isso (racismo) e reconhecer que o buraco é muito mais embaixo’

Leandra Leal é uma das atrizes que mais abraça causas sociais e é clara ao defender um ponto de vista. Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, ela escreveu sobre o preconceito e racismo que poderá ser direcionado à sua filha Julia. “Eu nunca vou poder de fato compartilhar o sentimento da minha filha ao sofrer preconceito”, admitiu em publicação em uma rede social.

A atriz e seu marido, Alê Yousseff, adotaram Julia, de 2 anos, em 2016. No Instragram, Leandra comenta que quer “construir um novo normal” com a filha. Em abril, em uma entrevista ao colega Lázaro Ramos, ela disse que tem se questionado muito sobre diversos aspectos, inclusive sobre o tipo de representatividade que sua filha terá, crescendo em um bairro carioca onde a maioria das pessoas são brancas.

Na publicação feita nesta segunda, a atriz discorre: “não precisamos ficar provando com discursos que nós não somos racistas; na verdade precisamos ouvir quem passa por isso e reconhecer que o buraco é muito mais embaixo. Reconhecer que somos, sim, resultado de um processo histórico onde alguns foram privilegiados e muitos, excluídos”.

Por fim, ela escreve o significado do Dia da Consciência Negra:” Hoje pode ser um dia para nós, como sociedade, buscarmos a compreensão da nossa realidade: uma sociedade que é diversa, plural, desigual e racista”.

Eu, que sempre lutei por liberdade e igualdade, que sempre me indignei contra a injustiça, intolerância, machismo e preconceito. Eu, que sempre me considerei politizada e consciente, cai na terra quando fui mãe. De alguma forma, a maternidade intensificou isso tudo. Acho que toda mãe passa por esse processo: tem medo desse mundo, tem dúvidas de como criar sua filha para ser forte e potente, capaz de autonomia e enfrentamento. Capaz de amar o outro como a si próprio. Ser mãe me fez uma pessoa muito mais conectada ao outro. Agradeço tudo o que eu venho vivendo. A descoberta desse amor e dessa vida, dessa consciência nova, desse novo olhar para o mundo. Dessa vontade de construir um novo normal com a minha filha. Mas eu, como branca, mãe de uma menina negra, abre-se um outro portal nesse Brasil de hoje. Eu me abri e me coloquei num lugar que, por mais que eu tivesse consciência da sua existência, eu não sentia. E pior, eu nunca vou sentir. Eu nunca vou poder de fato compartilhar o sentimento da minha filha ao sofrer preconceito. Eu vou me indignar junto, vou consolar, vou lutar junto, vou fazer de tudo para que ela tenha autoestima forte, mas essa experiência vai ser só dela. O que eu posso fazer é tornar essa luta minha também. É criá-la forte, como minha mãe me criou, é dar autoestima, consciência, liberdade e amor. É dentro do meu lugar de fala, contar para outros brancos como nós somos privilegiados e como precisamos abrir mão desses privilégios! Como não precisamos ficar provando com discursos que nós não somos racistas, quando na verdade precisamos ouvir quem passa por isso e reconhecer que o buraco é muito mais embaixo. Reconhecer que somos, sim, resultado de um processo histórico onde alguns foram privilegiados e muitos, excluídos. Hoje pode ser um dia para nós, como sociedade, buscarmos a compreensão da nossa realidade: uma sociedade que é diversa, plural, desigual e racista. Eu, como mãe da Julia, agradeço infinitamente a oportunidade de ser sua mãe e me comprometo a estar do seu lado nessa luta, minha filha. Para todo o sempre.

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O que dizem 5 personalidades negras sobre o combate ao racismo

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