Uma série de vlogueiros LGBT afirmam que o YouTube tem censurado seus vídeos a partir de um mecanismo de filtragem. O recurso faz com que as filmagens sejam bloqueadas para visualização geral e classificadas como “inapropriadas”.
A restrição de conteúdo do YouTube deveria atingir “conteúdos potencialmente censuráveis”, de acordo com a própria plataforma. Veja a explicação do YouTube sobre o modo restrito:
“O modo restrito pode ser usado para ajudar a filtrar conteúdo potencialmente censurável que você não quer ver ou não quer que outras pessoas da sua família vejam enquanto usam o YouTube. Usamos sinalização de comunidade, restrição de idade e outros sinais para identificar e filtrar conteúdo potencialmente inadequado.”
No entanto, os vlogueiros dizem que a ferramenta tem atingido material pró-LGBT. Com esta restrição, usuários que estão com o modo restrito ativado não conseguem assistir a vídeos relacionados à causa.
Canais brasileiros, como “O canal das Bee”, “Põe na roda”, “Para tudo e muro pequeno”, entre outros, sofrem com o modo restrito. Vídeos gravados para seus canais não aparecem para todos os usuários graças a esta restrição.
Outros canais internacionais sofreram com a restrição, desde vlogs que debatem sobre a causa LGBT até videoclipes do cantor Troye Sivan. O artista já se declarou homossexual, mas seus clipes sequer tratam sobre o assunto.
this just in, @YouTube 's restricted mode seems to think @troyesivan 's entire channel is inappropriate??? #YouTubeIsOverParty pic.twitter.com/EOPUyop0Om
— ᴛᴀʏʟᴏʀ. (@teahops) March 20, 2017
O vlog em que a cantora Ariana Grande debate sobre o bullying também tem sofrido com o modo restrito. Vídeos de sua página somem quando a funcionalidade é ativada.
https://twitter.com/DAILYSTOESSEL/status/843603209394372608
Mais artistas da música também foram “punidos” com a restrição. Clipes de Lady Gaga, Rihanna, Mariah Carey, Katy Perry, Nicki Minaj, Miley Cyrus, Anitta e Banda Uó, entre outros, simplesmente desaparecem com a ativação do modo restrito.
Esses são os vídeos da Rihanna que ficam disponíveis para assistir sem o modo de restrição ativada. #YouTubeIsOverParty pic.twitter.com/5JLZeKR5bj
— gabriel (@gabsrih) March 19, 2017
Reações
A hashtag #YouTubeIsOverParty, com milhares de críticas direcionadas ao YouTube, se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter ao longo da noite de domingo (19). Muitos usuários contestaram a medida adotada pela plataforma e questionaram por que determinados conteúdos, mais suscetíveis à censura, não são atingidos pela restrição.
O q o YouTube bloqueia / o q deveria bloquear #YouTubeIsOverParty pic.twitter.com/FApVFLIY2Y
— Bia (@NogQueiroz) March 19, 2017
engraçado q músicas machistas e homofobicas são consideradas "apropriadas" mas duas pessoas se amando é "inapropriado" #YouTubeIsOverParty pic.twitter.com/p9FiTgSmUH
— paula (@selmilaiconic) March 19, 2017
O mundo nesse momento: #YouTubeIsOverParty pic.twitter.com/12VPi0xJ6X
— PLEASE CAMILA (@dowfly) March 19, 2017
"influencia as crianças" QUE BOM QUE TÁ INFLUENCIANDO O AMOR É NÃO A VIOLÊNCIA NÉ?! #YouTubeIsOverParty
— Smurf (@milabraz__) March 20, 2017
"a mais vai influenciar as crianças"
EU CRESCI ASSISTINDO WINX E NEM POR ISSO EU SOU UMA FADA HOJE EM DIA#YouTubeIsOverParty— PRAY FOR MANCHESTER (@kissmelaurenj_) March 19, 2017
Tyler Oakley, que tem mais de oito milhões de inscritos, foi um dos vlogueiros a reclamarem da censura. Ele alega que o YouTube censurou um vídeo sobre pessoas que o inspiram.
still not fixed. one of my recent videos "8 Black LGBTQ+ Trailblazers Who Inspire Me" is blocked because of this. i'm perplexed, @YouTube. https://t.co/MrGBmPum1a
— Tyler #ChosenFamily (@tyleroakley) March 19, 2017
A dupla de cantores Tegan & Sara passou por uma experiência parecida. Segundo eles, alguns de seus clipes foram colocados em modo restrito pelo YouTube.
If you put @YouTube on restricted mode a bunch of our music videos disappear. I checked myself. LGBTQ people shouldn't be restricted. SAD!
— Tegan and Sara (@teganandsara) March 19, 2017
O vlogueiro Peter Monn, que também trata da causa em seu canal, fez um vídeo com críticas ao YouTube por ter removido o conteúdo LGBT do site.
Explicação inconsistente
Em um comunicado publicado no Twitter, o YouTube Creators, canal dedicado aos criadores de conteúdo na plataforma, afirma que a ideia desta filtragem é remover conteúdo considerado “maduro” para um grupo seleto de usuários. No entanto, não se explica como e por qual motivo este material é classificado como “inapropriado”.
A message to our community … pic.twitter.com/oHNiiI7CVs
— YouTube Creators (@YTCreators) March 20, 2017
Ao Gizmodo, um representante do Google, empresa responsável por manter o YouTube, diz: “O modo restrito é um recurso opcional usado por uma quantidade bem pequena de usuários que querem ter uma experiência mais limitada do Youtube. Alguns vídeos que cobrem assuntos como saúde, política e sexualidade podem não aparecer para usuários e instituições que tenham optado pelo uso do recurso”. Os mesmos questionamentos pendentes no comunicado oficial também não foram respondidos pelo assessor da empresa.
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